Diversos estudos demonstram que falar dois idiomas pode atrasar o desenvolvimento de deficiências mentais como o Alzheimer.
Um dos transtornos mais comuns associados à velhice é o Alzheimer. Esta doença caracteriza-se pela redução das funções cognitivas da pessoa, com sintomas como a perda de cor, desorientação espacial e temporária, problemas com a maneira de pensar e/ou de comportamento, entre outros possíveis sintomas, dependendo da fase em que a doença se encontre.
Atualmente, não existem medicamentos capazes de curar esta doença, mas existem tratamentos que reduzem a velocidade de seu avanço, se detectada em fases recentes. Seu desenvolvimento costuma acontecer a partir dos 60 anos de idade, entretanto, pesquisas realizadas pela Universidade de Iorque (Canadá), Universidade de Gante (Bélgica) e a Universidade de Edimburgo (Escócia), sugerem que sua aparição, assim como a de outras deteriorações cognitivas devidas ao envelhecimento, atrasa-se em pessoas que falam dois idiomas.
Analisando os dados copilados pela universidade belga, podemos perceber que mais de 65 pacientes que falavam dois idiomas, dos 134 que participaram deste estudo, foram diagnosticados com Alzheimer com 76 ou 77 anos, em comparação aos 71 ou 72 anos dos pacientes monolíngues. Os pesquisadores também consideraram outros fatores relacionados aos pacientes, como sua educação, status social, ou sua profissão e outros fatores relacionados com a mesma; por exemplo, o estresse ou a falta de sono. Entretanto, nenhum destes teve um efeito considerável sobre a idade de início dos sintomas.
O estudo realizado pela universidade escocesa apoia-se na análise de 835 falantes nativos de uma zona de Edimburgo, com os quais foi realizada uma prova de inteligência aos seus 11 anos de idade. Posteriormente, voltou-se a fazer uma prova quando os participantes fizeram 70 anos, para comprovar sua acuidade mental. Os dados obtidos surpreenderam os pesquisadores: as 262 pessoas que confirmaram comunicar-se em dois idiomas (195 das quais aprenderam sua segunda língua entre os 18 e 65 anos) obtiveram resultados de habilidades intelectuais superiores às esperadas a essa idade.
Estas pesquisas nos mostram que as pessoas que falam dois idiomas e os utilizam com frequência não apenas beneficiam suas habilidades intelectuais, mas também desaceleram o desenvolvimento de doenças mentais e a deterioração cerebral, provocadas pelo envelhecimento. Isto se deve a que o esforço mental que o domínio de dois idiomas requer previne a degeneração das células da matéria cinza, aumentando as conexões nas regiões cerebrais que dirigem algumas habilidades como a do raciocínio ou a da linguagem, conforme apontam as pesquisas da universidade canadense.
Portanto, concluímos que estar em contato com dois ou mais idiomas é uma boa forma de exercitar e manter nosso cérebro ativo, além da contribuição que isso acarreta contra as degenerações cognitivas no envelhecimento. Nunca é tarde para estudar idiomas, e como nos mostraram estas pesquisas, seja na infância ou na fase adulta, sempre poderemos aprender uma segunda língua.
Autor: Leroys Valdés Sanabria.
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Fontes:
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Jano – Medicina y Humanidades, El bilingüismo retrasa los síntomas de la demencia [On-line]
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