Os cuidados paliativos são de grande importância para prevenir o sofrimento das pessoas diagnosticadas com uma doença incurável, avançada e progressiva. No entanto, o acesso a estes serviços apresenta algumas dificuldades, e se sabe que 90% das pessoas que requerem este tipo de ajuda não têm acesso aos cuidados necessários porque desconhecem os trâmites para conseguir se registrar de forma adequada.
Há 3 fatores que impedem de oferecer o serviço de cuidados paliativos com equidade e igualdade de acesso a este tipo de serviços: por um lado, existe um grande desconhecimento da população sobre como acessar os cuidados paliativos e onde buscar esse tipo de serviços; a este grande problema se soma a burocratização, com prazos de espera muito longos, que não atendem as necessidades dos pacientes (50% dos pacientes morrem antes de ser chamado) e a falta de regulação desta atividade.
Em Portugal é necessário implantar um Programa Nacional de Cuidados Paliativos que seja eficaz, pois somente desta forma seria possível obter ganhos na qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Cuidados paliativos em casa
De acordo com Manuel Luís Capelas, presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, é preciso dar prioridade à criação de una rede de cuidados paliativos a domicílio, para dar apoio à rede criada em hospitais, contando com profissionais da saúde devidamente treinados. Desta maneira seria possível cumprir a Resolução n.º 7968/2011, que obriga a criação de Equipes Intra-hospitalares de Apoio em Cuidados Paliativos, para os hospitales do Serviço Nacional de Saúde.
Capelas destaca que em 2007 morreram mais de 103 mil pessoas, dentre as quais mais de 62 mil necessitavam de cuidados paliativos. De acordo com o especialista, esses números são parecidos com os observados este ano, e a partir desta quantidade de pacientes podemos determinar que seria necessário formar 133 equipes de cuidados paliativos domiciliares, com 265 médicos e 465 enfermeiros com formação específica, além de 102 equipes de suporte para equipes intra-hospitalares com 204 médicos e 357 enfermeiros com treinamento específico. Além disso, seria necessário instalar 1.062 leitos para internar novos pacientes, e contar com 200 médicos e 500 enfermeiros por dia.
O especialista indica que de acordo com uma meta-análise internacional sobre cuidados paliativos domiciliares, 50% dos pacientes indicaram que prefeririam morrer em casa. Além disso, foram analisados os dados de mais de 37 mil pacientes em todo o mundo, concluindo que as pessoas que recebem cuidados paliativos em casa têm um melhor controle dos sintomas da doença, em comparação com as pessoas que recebem cuidados convencionais, além de ter cerca de 2,1 vezes mais probabilidades de morrer em casa do que quem recebe cuidados por outro tipo de doença.
Capelas considera que a criação de uma equipe de cuidado domiciliar deveria ser uma preocupação central para melhorar os serviços de saúde prestados a quem se aproxima do fim dos seus dias. No entanto, Portugal conta com apenas 10 equipes de cuidados paliativos a domicilio, para um universo de mais de 62 mil pacientes.
Fonte:
http://www.vitalhealth.pt/opiniao/1665-e-o-acesso-aos-cuidados-paliativos
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