Um estudo publicado na revista Neurology (publicação oficial da Academia Americana de Neurologia) indica que nas pessoas que falam dois idiomas o aparecimento de doenças como a demência ou o Alzheimer é adiado. Foram realizados estudos na Índia e no Canadá, obtendo-se em ambos os casos resultados semelhantes: em média, as pessoas que falam dois idiomas atrasam o aparecimento do Alzheimer e de outros tipos de demência em 4,5 anos. Estes resultados reforçam descobertas prévias que indicam que se envolver em atividades intelectuais ajuda a reduzir o risco de sofrer estes tipos de doença. Esta descoberta é importante, considerando-se que só nos Estados Unidos uma em cada três pessoas morrerá com demência.
O Dr. Suvarna Alladi, pesquisador do Instituto Nizam de Ciências Médicas, localizado em Hyderabadm, na Índia, indicou que “falar mais de uma língua poderia melhorar o desenvolvimento de determinadas áreas do cérebro que são responsáveis pelas funções de atenção e execução de tarefas, as quais ajudam a proteger o cérebro do desenvolvimento da demência”.
No estudo realizado na Índia participaram 650 pessoas, com idade média de 66 anos. Notou-se que 390 participantes falavam duas ou mais línguas, e 14% deles não conseguiam ler. A maioria dos pacientes sofria de algum tipo de demência, 240 tinham Alzheimer, 189 sofriam de demência vascular, 116 de demência frontotemporal e 103 de demência mista.
De acordo com a Associação Americana de Alzheimer, a demência origina-se quando as células cerebrais sofrem danos e perdem a capacidade de comunicação entre elas. Isto causa problemas na estrutura do pensamento, do comportamento e das emoções.
O estudo principal demonstrou que nas pessoas que falam duas ou mais línguas adia-se o aparecimento de doenças como o Alzheimer, a demência frontotemporal e a demência vascular, em média, em 4,5 anos, em comparação com pessoas que falam apenas uma língua. No caso das pessoas que não podiam ler ou escrever, mas falam vários idiomas, pôde-se verificar que atrasavam o aparecimento da demência em torno de 6 anos, em comparação com pessoas que falam apenas um idioma.
No estudo realizado na Índia participaram pessoas que falavam Telugu, Hindi, Dakkhini e Inglês.
Outro estudo realizado no Canadá, em 2011, demonstrou que pessoas que falavam vários idiomas atrasavam o aparecimento da demência em, aproximadamente, 4,5 anos, em comparação com pessoas que falavam apenas um idioma.
Os autores do estudo acreditam que a “mudança de linguagem” poderia melhorar a saúde do cérebro. Esta teoria sugere que pessoas que dominam dois idiomas se defrontam com a necessidade de ativar uma linguagem e suprimir a outra. Estas mudanças poderiam levar a melhorias na atenção e em outras funções cognitivas.
Os participantes do estudo sofreram de demência, e apenas se conseguiu atrasar o aparecimento da doença, mas não erradicá-la. Os pesquisadores indicam que esta seria outra estratégia para se manter livre da doença por um tempo, como também o é montar quebra-cabeças ou comer de maneira saudável.
Publicado na revista Neurology: 6-11-2013
Fontes:
https://www.aan.com/PressRoom/Home/PressRelease/1219
Foto: Alguns direitos reservados por pedrosimoes7/Flickr.