Identificado o fenótipo metabólico que permitirá entender a longevidade

Cientistas do Instituto Nestlé de Ciências da Saúde e do Centro de Pesquisa Nestlé conseguiram identificar os traços metabólicos associados à longevidade, depois de comparar amostras de sangue e urina de 400 pessoas de até 111 anos de idade. Os resultados da pesquisa, desenvolvida pela Universidade de Bolonha, revelam que as pessoas centenárias se caracterizam porque seus corpos realizaram uma complexa mudança no metabolismo de lipídios e aminoácidos, e no funcionamento da microbiota intestinal.

Este estudo permitiu identificar que as pessoas centenárias possuem uma capacidade especial para equilibrar suas reações pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, conseguindo prolongar sua vida. Os pesquisadores consideram que é possível obter uma melhor resposta antioxidante e melhores mecanismos de desintoxicação celular. Com o aumento da idade surgem doenças crônicas que implicam uma carga inflamatória, mas o organismo de algumas pessoas pode lutar eficientemente com estes processos.

O doutor Sebastiano Collino, da Universidade de Bolonha, indica que “estes resultados nos ajudarão a conhecer os processos fundamentais para que os idosos mantenham uma boa saúde e vivam mais tempo”.

O estudo revela que existem certas particularidades no perfil metabólico das pessoas idosas cujos pais foram centenários e, portanto, é possível identificar um traço metabólico distintivo nos idosos.

Collino afirma que os resultados deste estudo poderiam ser aplicados para “prevenir doenças típicas da terceira idade, ou para melhorar ou advertir quando o estilo de vida não for adequado”. O especialista indica que o estilo de vida é importante, mas o traço genético também, pois as pessoas idosas têm uma melhor resposta antioxidante e melhores mecanismos de desintoxicação celular.

Para realizar este estudo foram analisadas amostras de sangue e urina de três gerações de pessoas do norte da Itália. Foram realizadas análises com 30 homens e 113 mulheres nascidos antes de 1908, outro grupo de 210 pessoas com pais que viveram mais de 100 anos, e 73 pessoas cujos pais não alcançaram a média da expectativa de vida do país, estabelecido na época em 72 anos. Além disso, foram estudadas as características de 21 voluntários com menos de 30 anos.

Os pesquisadores continuarão realizando análise em diferentes populações para identificar o nível de influência da nutrição e do estilo de vida no envelhecimento e na longevidade. Atualmente, a União Europeia desenvolve o projeto NU-AGE Project para investigar o impacto da dieta, e especialmente a dieta mediterrânea.

Fontes:

http://www.nu-age.eu/about-project

http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0056564

Foto:

Teotihuacan, Mexico