O comércio mundial requer um marco ético para evitar a exploração
No jogo internacional que a globalização estabelece, os negócios apontam à redução de custos de forma dramática, em alguns casos terceirizando a produção de bens com empresas que não duvidam em explorar crianças, destruir ecossistemas completos, gerar postos de trabalho sob condições insalubres ou gerar condições laborais de miséria. Para evitar que negócios continuem desenvolvendo-se sob condições de exploração e injustiça, diversas organizações estabeleceram um marco para estender condições de Comércio Justo no mundo, procurando pagar um preço que permita o desenvolvimento das comunidades que se dedicam, usualmente no sul, a produzir os produtos que são consumidos quase sempre no norte do planeta.
As organizações de Comércio Justo surgiram no mundo para assegurar um melhor trato para as comunidades encarregadas de produzir produtos para os países do primeiro mundo. Graças a ligações que permitem o trato direto entre o produto e a empresa que encarrega a terceirização, procura-se que as comunidades e pessoas dedicadas à produção de bens como os têxteis, artesanatos, alimentos, roupas e outros artigos que serão comercializados em países desenvolvidos, consigam ter ganhos que lhes permitam desenvolver-se e proporcionar uma vida digna a suas famílias.
Atualmente, as redes sociais permitem que os consumidores pesquisem sobre a origem dos produtos que consomem e o comprador é cada vez mais exigente, procurando apoiar empresas que mantêm um comportamento ético que respeite a dignidade das pessoas e o ambiente. Hoje, quando se descobre que uma empresa está envolvida em ações que implicam a exploração de pessoas ou situações que têm um impacto negativo no ambiente, os consumidores reagem nas redes sociais em uma aberta reclamação para a organização, como no caso dos chocolates Kit Kat da Nestle. Por esta razão, as empresas devem ter cuidado com o impacto que suas atividades têm nos países que são fabricantes dos produtos que comercializam.
A Organização Mundial do Comércio Justo estabelece 10 princípios que regem as relações comerciais de empresas de países do norte e do sul:
1.- Procura-se criar oportunidades para os produtores que se encontram em desvantagem econômica.
2.- A organização é transparente e procura informar a todos os sócios comerciais.
3.- Procuram-se estabelecer práticas comerciais justas, que consigam apoiar o desenvolvimento do bem-estar social, econômico e ambiental dos pequenos produtores marginados, sem procurar um aumento dos lucros do negócio a custa dos produtores.
4.- Estabelecer um preço justo fazendo uso do diálogo e da participação, procurando que se aplique um pagamento igual tanto para homens como para mulheres.
5.- Comprometer-se com estratégias para eliminar o trabalho infantil e o trabalho forçoso.
6.- Compromisso com a não discriminação, igualdade de gênero, empoderamento da mulher e liberdade de associação.
7.- Garantir boas condições de trabalho procurando ambientes de trabalho seguros e salubres.
8.- Procurar o desenvolvimento de habilidades e capacidades dos empregados.
9.- Promover o comércio justo, fazendo uso sempre de técnicas honestas de marketing e publicidade.
10.- Garantir o respeito pelo meio ambiente.
Diferente dos produtos de consumo maciço, os bens produzidos por Comércio Justo têm uma história e sustentam-se sobre o desenvolvimento de comunidades de baixos recursos que, com esforço, procuram sair adiante. Este tipo de produto, com uma base que sustenta o desenvolvimento social de comunidades em países do sul, tem o apoio de um grande segmento de mercado em países do norte, e as empresas podem sustentar uma estratégia de mercado nos produtos obtidos por Comércio Justo.
Os estudantes da área de Empresas da FUNIBER aprendem como desenvolver relações em âmbito internacional e como gerar negócios sustentáveis, que podem ser apoiados no Comércio Justo para desenvolver estratégias de mercado.
Fontes: Economía solidaria e Oficina Regional para Latinoamérica de la Organización Mundial del Comercio Justo.
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