Movimentos internacionais lutam para preservar e ensinar a língua de herança como elemento de construção da identidade
Manter o idioma e as tradições de origem quando se está fora do país é um grande desafio para os pais, principalmente no período de construção das primeiras referências linguísticas e culturais das crianças. Preocupados com esta questão, muitas famílias e educadores se organizaram em diversos países do mundo para promover iniciativas de apoio ao ensino e à preservação das línguas de herança.
No caso da língua portuguesa, um movimento internacional liderado pela organização Brasil em Mente – que tem como embaixadora a escritora Ana Maria Machado – estabeleceu em 2014 o Dia Mundial de Português como Língua de Herança (16 de maio), para disseminar conceitos e práticas de profissionais que trabalham no setor e celebrar as diversas iniciativas já realizadas e identificadas em um mapa ainda em construção.
De acordo com Juliana Azevedo Gomes, pesquisadora e professora de português como língua de herança da Associação de Pais de Brasileirinhos da Catalunha, ensinar uma língua de herança é diferente de ensinar a língua materna ou uma língua estrangeira porque está vinculada à construção de uma identidade. “Mais profunda que a gramática, as datas comemorativas ou as gírias locais, o que se deve buscar no ensino de língua de herança é contribuir para que o aluno encontre o seu lugar nesta língua e nesta cultura, e, por consequência, sentido e interesse genuíno neste aprendizado”, argumenta.
Formação
Para que isso seja possível, Juliana considera fundamental que os professores de língua de herança tenham uma formação específica já que se trata de um contexto complexo, que deve considerar a interculturalidade, a convivência entre os falantes de herança, a implicação das famílias nos projetos, a valorização da cultura local e a postura do professor como mediador.
Como resposta à essa necessidade formativa foi criado em 2013 o Elo Europeu de Educadores de Português como Língua de Herança e recentemente foi celebrado o II Simpósio Europeu sobre o Ensino de Português como Língua de Herança, em Munique.
O movimento sobre a necessidade de preservar e manter as línguas de herança exigem a formação de profissionais capacitados. Nos mestrados e especializações da área de Formação de Professores da FUNIBER, os alunos têm a oportunidade de se capacitar para o ensino de línguas em seus diversos contextos e podem desenvolver pesquisas baseadas nas especificidades da questão da língua de herança.
Fonte: http://fnbr.es/1pu , http://fnbr.es/1pl , http://fnbr.es/1pm , http://fnbr.es/1pt
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