Paciente é pesquisado por desenvolver anticorpos contra o HIV

Um portador de HIV que também sofre de lúpus desenvolveu, depois de vários anos, “anticorpos neutralizantes”, o que é um passo essencial para estudar a resposta imunológica do organismo e, dessa forma, desenvolver uma vacina para a doença. “Durante anos, procuramos e enfim encontramos uma pessoa com LES [lúpus eritematoso sistêmico] que também tivesse infecção crônica por HIV para determinar se essa pessoa poderia produzir anticorpos amplamente neutralizantes”, indicou Barton F. Havnes, diretor do Instituto de Vacinas Humanas de Duke e principal autor do estudo.

Os pesquisadores procuraram por anos uma pessoa portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico (ELES) e HIV, porque o seu organismo poderia produzir anticorpos neutralizantes que são considerados essenciais para obter uma resposta efetiva da vacina. Agora os cientistas perceberam que o paciente de fato produz os anticorpos procurados e estão estudando como deve ser produzida a resposta imunológica para entender os processos envolvidos. Havnes diz que até agora a dificuldade de obter uma resposta de anticorpos amplamente neutralizantes foi um grande obstáculo para a criação de uma vacina eficaz contra o HIV, mas ao estudar esse paciente são abertas novas possibilidades.

Em estudos prévios, Havnes descobriu que alguns anticorpos amplamente neutralizantes contra o HIV geravam no organismo reatividade cruzada com os tecidos do corpo, em um processo conhecido como autorreatividade. Devido a esse processo, os controles de tolerância imunológica, que detectam os anticorpos que reagem com o corpo, evitam sua formação. O HIV encontrou um mecanismo para evitar os anticorpos neutralizantes, adaptando-se para se parecer com os tecidos do corpo.

Em uma doença autoimune como o lúpus, os controles de tolerância imunológica são defeituosos, por isso o organismo deve produzir muitos anticorpos neutralizantes. Agora descobriram que os anticorpos amplamente neutralizantes em pacientes infectados com as duas doenças são muito similares aos anticorpos que aparecem nos pacientes com lúpus que não estão infectados com o HIV. Mas esses resultados não indicam que os pacientes com lúpus são imunes ao HIV, e que é preciso se proteger do vírus.

Fonte: http://fnbr.es/nh

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