A pesquisadora Maria Regina Reis Amendoeira, chefe do Laboratório de Toxoplasmose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), afirma que um em cada dois brasileiros já teve contato com a toxoplasmose e apresenta sorologia positiva para a doença, causada por um protozoário (Toxoplasma gondii) que se reproduz no sistema digestivo dos felinos e que pode provocar cegueira, abortamentos e levar até a morte.

“Os felinos eliminam no ambiente o oocisto, que vai para o tecido do boi e formar o cisto. Aí aqueles carnívoros que vão se alimentar desses animais, como o homem que faz um churrasco mal passado, pode se infectar com essa carne”, explicou a pesquisadora.

Atualmente a pesquisadora desenvolve um estudo no pantanal, região onde é grande a presença de felinos selvagens, que podem transmitir o protozoário ao grande rebanho bovino. Outra forma de propagação a doença é por meio da irrigação de hortaliças com água contaminada pelas fezes dos felinos com os oocistos. Não lavando bem as frutas e verduras, é possível que os alimentos contaminem o ser humano. “Em Erechim, no Rio Grande do Sul, foram estudadas 2,7 mil mulheres gestantes e foi detectado que havia sorologia positiva para 73%. Nesse município, 17,7% da população com a infecção teve a toxoplasmose ocular, que também acomete bebês por via congênita.” Conclui a pesquisadora.

Embora a doença não seja extremamente grave, em alguns casos pode levar  à cegueira ou à morte. “A toxoplasmose é uma doença autolimitada. Cerca de 90% das pessoas que têm contato com o parasita, não têm a sintomatologia ou então apresentam uma forma muito branda. O mais frequente é ter dor de cabeça, dor muscular e articular, cansaço. Simula uma gripe, tem uma febre e enfartamento ganglionar [ínguas], ou seja, pode ser qualquer coisa. Qualquer infecção pode dar isso.”

Um dado bastante relevante em relação a toxoplasmose é que, 16% dos gatos domésticos que passam boa parte do tempo fora de casa, apresentam a doença. Para a pesquisadora, os gatos domésticos não devem dormir na cama com os donos e nem subir na mesa, pois podem trazer nas patas os oocistos do protozoário.  “Não precisa se desfazer do gato. Basta ter cuidados. Principalmente a mulher que nunca teve contato com a doença. Porque se ela se contaminar durante a gestação poderá passar para o bebê, levando ao aborto ou deixando sequelas, como hidrocefalia e toxoplasmose ocular, que pode causar cegueira”. Os gatos que comem apenas ração e nunca saem de casa têm chance quase zero de ter a doença.

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-10-13/mais-da-metade-dos-brasileiros-ja-tiveram-contato-com-toxoplasmose-diz-pesquisadora