Uma pesquisa realizada pela Red Española de Investigación en Patología Infecciosa (REIPI) revela que a resistência à combinação de amoxicilina com ácido clavulânico (AMC) é, na maioria de casos, um indicador de resistência a múltiplos antibióticos. De acordo com os pesquisadores, o uso de antibióticos de amplo espectro pode favorecer o desenvolvimento de resistências a múltiplas famílias antimicrobianas.        

Depois da pesquisa, foi possível identificar que a resistência ao AMC está amplamente disseminada em toda a Espanha. Além disso, a resistência ao AMC indica também resistência a outras famílias de antibióticos como quinolonas, aminoglicosídeos e cotrimoxazol.

Os pesquisadores identificaram também que a bactéria E. coli tem múltiplas possibilidades de adquirir resistência ao AMC que, em sua maioria, são potencialmente transmissíveis a outras bactérias clínicas.

Na Espanha, é comum utilizar AMC como remédio para tratar infecções respiratórias no inverno. Quando as doenças são de origem viral, antibióticos como o AMC não servem para tratá-las, além disso, geram a possibilidade de criar bactérias resistentes ao AMC que acabam deslocando às bactérias sensíveis. Esta tendência faz com que sejam desenvolvidos antibióticos cada vez mais potentes.

A pesquisa foi realizada utilizando 257 amostras de cepas do E. coli resistentes ao AMC, procedentes de sete hospitais da Espanha para estudar os mecanismos genéticos causadores da resistência ao AMC. Foi estudada também a relação epidemiológica estabelecida entre as cepas resistentes ao AMC para determinar a possível disseminação entre a população de cepas clonais resistentes ao AMC, ampliando assim a pesquisa para poder identificar a resistência a múltiplos antibióticos de forma simultânea.

Jesús Oteo, do Laboratório de Antibióticos do Centro Nacional de Microbiologia (CNM), como principal pesquisador do estudo manifestou que este trabalho “aponta para um novo conhecimento para implantar medidas para o uso de antibióticos na Espanha e abre o caminho para possíveis estudos sobre vacinas contra os clones resistentes, assim como à pesquisa de novas moléculas ativas contra as bactérias multirresistentes”.

Os resultados obtidos pelos pesquisadores do Laboratório de Antibióticos do Centro Nacional de Microbiologia do Instituto de Saúde Carlos III (Isciii), que foram realizados em parceria com a REIPI, foram publicados na revista Antimicrobial Agents and Chemotherapy.

Fonte: (Antimicrob Agents Chemother 2012; 56 (7): 3.576-81).