Dormir horas insuficientes na infância pode ser um grande fator de risco para o desenvolvimento de obesidade em idades mais avançadas, de acordo com uma pesquisa publicada no periódico Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine. E mesmo períodos de sono durante o dia – a famosa soneca – não são suficientes para inverter esse processo.
“A obesidade nos EUA dobrou entre crianças com idades entre 2 e 5 anos e processo similar foi observado entre os adolescentes com idades entre 12 e 19 anos. Nas crianças da faixa dos 6 aos 11 anos, a obesidade chegou a triplicar. Isso tudo em um intervalo de 30 anos”, diz Janice Bell, pesquisadora da Universidade de Washington e principal autora do estudo.
“Evidências colhidas em diversas populações mostram a relação entre diminuição do período de sono noturno e comportamento alimentar pouco saudável em crianças e adolescentes”, completa a pesquisadora.
A pesquisa de Bell, feita conjuntamente com Frederick Zimmermann, da Universidade da Califórnia, colheu dados de uma pesquisa ampla realizada com quase 2 mil crianças entre 0 e 13 anos, feita repetidamente em 1997 e 2002.
De acordo com os pesquisadores, aproximadamente 33% das crianças com menos de 2 anos e 36% das crianças restantes estavam na faixa de risco para o desenvolvimento ou haviam desenvolvido a obesidade. Nas crianças mais jovens, a diminuição do tempo de sono noturno estava relacionada diretamente ao aumento do peso, enquanto nas crianças mais velhas essa relação passa por outros fatores que convergem para a obesidade em longo prazo.
Os autores apontam que pode haver uma janela crítica para o desenvolvimento da obesidade que começa a se abrir a partir dos 5 anos de idade, e talvez o sono seja um dos fatores mais importantes para prevenir o desenvolvimento da obesidade.
“A duração do sono noturno é um fator de risco facilmente modificável, com potenciais implicações para a prevenção do desenvolvimento da obesidade. Um tempo de sono insuficiente entre crianças em idade pré-escolar e entre adolescentes tem grande influência sobre a variação de peso desses indivíduos. Ao mesmo tempo, as sonecas não reduzem esse efeito negativo”, concluem os autores.
com informações da Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine