424-recemnascidoOs resultados desta revisão mostram que a suplementação com prebióticos é bem tolerada por neonatos pré-termos. O grupo que recebeu a suplementação apresentou maior colônia de bifidobactérias, menor colônia de bactérias patogênicas, menor tempo de trânsito gastrintestinal e fezes mais pastosas, em comparação ao dos recém-nascidos que receberam placebo.

O objetivo deste estudo foi revisar os dados encontrados na literatura científica sobre os resultados da suplementação de oligossacarídeos (contendo prebióticos) em fórmulas para neonatos pré-termo quanto aos seus efeitos na enterocolite necrosante, sepse, crescimento, colonização intestinal e características das fezes.

Só foram analisados os estudos controlados e aleatórios, com neonatos pré-termo com idade gestacional inferior a 37 semanas, que compararam o uso de suplementação com prebióticos versus placebo ou fórmula infantil sem suplementação. Os prebióticos utilizados poderiam ser o galactooligossacarídeos (GOS) ou o frutooligossacarídeo (FOS), dentro dos primeiros 28 dias de vida do recém-nascido e pelo tempo mínimo de duas semanas.

“A dose de prebiótico utilizada nos estudos variou entre 0,4 e 1,0 g/dl de fórmula. O Comitê Científico Europeu em Alimentação recomenda a dose máxima de 0,8 g de oligossacarídeos por 100 ml de fórmula infantil”, salientam os autores.

Após a filtragem pelos critérios de inclusão, apenas quatro estudos foram analisados. Nenhum dos trabalhos planejou avaliar o efeito do prebiótico na incidência de enterocolite necrosante e sepse. Também não foi observada diferença significativa em relação ao ganho de peso entre o grupo com prebióticos versus grupo controle.

Os autores de dois estudos relataram não haver diferença na incidência de sintomas de intolerância ao tratamento, como choro excessivo, irritabilidade, vômitos e diarreia. Os outros estudos, que analisaram as colônias bacterianas fecais, observaram aumento das bifidobactérias e menores colônias de bactérias patogênicas no grupo suplementado com prebióticos. Este grupo também apresentou fezes mais frequentes e pastosas, semelhantes às dos bebês que recebem aleitamento materno e trânsito gastrintestinal mais curto.

“Nossos resultados estão baseados em apenas quatro estudos pequenos. As evidências disponíveis são insuficientes para conclusões concretas e não suportam a suplementação rotineira de fórmulas infantis com prebióticos”, dizem os autores.

“A proposta da suplementação com prebióticos é melhorar as consequências clínicas (como enterocolite necrosante e sepse) em neonatos pré-termo de alto risco. Nossos resultados indicam a necessidade de trabalhos maiores que avaliem estas variantes. É importante notar que os estudos foram conduzidos em neonatos alimentados com fórmulas infantis. O leite materno continua sendo a primeira escolha para a alimentação de neonatos de alto-risco, devido à extensa lista de componentes benéficos, incluindo os oligossacarídeos”, concluem os autores.

Iara Waitzberg Lewinski – NutriTotal

Qual o papel dos prebióticos nas fórmulas infantis?

Após o nascimento da criança, o intestino começa a ser colonizado por inúmeras bactérias, que podem ser benéficas ou não ao hospedeiro. As bifidobactérias e os lactobacilos, por exemplo, são grupos de bactérias benéficas ao organismo humano. Quando há o consumo de alimentos contendo prebióticos, estes têm a capacidade de estimular o crescimento das bifidobactérias e dos lactobacilos já presentes no organismo, conduzindo a uma microflora intestinal com predominância de bactérias benéficas.

A prevalência do crescimento de bactérias protetoras ao organismo humano foi observada em estudo clínico. Os lactentes alimentados com fórmula infantil contendo prebióticos apresentaram uma microflora intestinal com níveis maiores de bifidobactérias fecais quando comparados com o placebo, sugerindo que estas bactérias estão presentes em grande número no intestino dos lactentes.

Arslanoglu e col. acompanharam lactentes até dois anos de idade em uso de fórmula hipoalergênica acrescida de prebióticos. O estudo observou durante o período de acompanhamento que a fórmula com prebióticos exerceu proteção contra infecções respiratórias, otite e diarréia quando comparados com o placebo.

É importante reforçar que o leite materno é o melhor alimento para o bebê e deve, sempre que possível, ser a fonte exclusiva de alimentação até o sexto mês de vida.

Tatiana Olivato de Carvalho – NutriTotal