02-paisConvênio com o Sebrae possibilitará implantação de dez unidade de Produção Agroecológica, Integrada e Sustentável (PAIS) no país africano, que segue exemplo de Moçambique.

Mais de um bilhão de pessoas vivem em situação de subnutrição no mundo. Desse total, cerca de 60% são africanos, segundo relatório divulgado neste mês pela FAO, órgão da ONU para Agricultura e Alimentação. O estudo traz dados de 2008 sobre a fome no mundo. Para tentar amenizar essa realidade, uma missão técnica vinda do Senegal se encontrou no dia 20 de novembro, em Brasília, com o diretor técnico do Sebrae, Luiz Carlos Barboza. O grupo levará, juntamente com a Instituição, a tecnologia social de Produção Agroecológica, Integrada e Sustentável (PAIS) para o país africano. Inicialmente serão implantadas dez unidades pilotos.

Como resultado da reunião, o Sebrae firmará acordo de cooperação internacional com o Senegal. Inicialmente serão implantadas dez unidades do PAIS em onze regiões do país. A primeira região a ser beneficiada pela tecnologia social será a comunidade de Niyes, próxima de Dakar, a capital do país. No local estão reunidas 200 mulheres que integram a União Nacional para o Desenvolvimento do Senegal. Serão elas que vão estar à frente do trabalho de disseminação do PAIS nas propriedades rurais da comunidade. Senegal segue o exemplo de Moçambique, que firmou parceria este ano com o Sebrae para também disseminar o PAIS em terras africanas.

O PAIS é uma tecnologia social que reúne técnicas simples de produção agroecológica e de promoção do desenvolvimento sustentável. Sua estrutura funciona com um galinheiro no centro, dom hortaliças plantadas circularmente ao redor, um quintal agroecológico e um sistema de irrigação por gotejamento. O Brasil dispõe de sete mil unidades do PAIS já implantadas.

A missão contou com a presença do Embaixador do Senegal, Fode Seck; o consultor do Sebrae e idealizador do PAIS, Aly Ndiaye; e Ndeye Diama Gueye, representante da comunidade de Niyes. Também estiveram na reunião o gerente da Assessoria Internacional do Sebrae, Vinícius Lages, e a coordenadora nacional do programa PAIS no Sebrae, Newman Costa. O grupo do Senegal também visitou in loco unidades do PAIS instaladas no Rio de Janeiro e em Cristalina de Goiás.

Aly Ndiaye é senegalês, mas trabalha no Brasil há 16 anos. Hoje, ele é sócio da Fazenda Agroecológica Vale das Palmeiras, juntamente com o ator Marcos Palmeira. A fazenda é responsável por 25% das hortaliças orgânicas comercializadas no Rio de Janeiro. Aly é também consultor do Sebrae e disseminador da tecnologia dentro e fora do País. Segundo ele, o Senegal tem condições climáticas e geográficas semelhantes às do Brasil. “Infelizmente a horticultura realizada em Senegal não é organizada e nem feita de forma correta. O uso indevido de agrotóxicos tem deixado a terra desgastada”.

Apoio e oportunidades

Nesta parceria, o Sebrae entrará com o repasse da tecnologia PAIS, além de dar capacitação técnica aos agrônomos senegaleses e disponibilizar material traduzido para o francês, língua oficial do Senegal. O fornecimento dos insumos necessários ficará por conta do governo de Senegal. “Acredito nas iniciativas que começam pequenas, mas que são imaginadas para uma rápida ampliação. Essa parceria deve começar com dez unidades que servirão inicialmente para mostrar seu funcionamento às comunidades. Depois, a tendência é ampliar a experiência para todo o País”, explicou o diretor Luiz Carlos Barboza.

O embaixador Fode Seck afirmou que foi enviado pelo presidente do seu país para conhecer e levar para o Senegal tudo o que o Brasil tem de melhor. “Estou levando o PAIS em resposta à missão que me foi dada. Vou apresentar a experiência para os outros 28 embaixadores africanos. A idéia é que os demais países da África conheçam e adotem o PAIS. A tecnologia vem ao encontro do que estamos precisando, que é a produção de hortaliças orgânicas para consumo próprio e a possibilidade de comercialização do excedente”, disse o diplomata.

Pensando nas possibilidades que o PAIS pode significar, a representante da comunidade Niyes, a senegalesa Ndeye Diama Gueye já planeja, ao chegar em seu país, selecionar mulheres com espírito empreendedor para liderar a disseminação do PAIS entre as demais pessoas da comunidade. “Estou esperançosa e feliz por levar essa experiência para o Senegal. A agricultura é alimentação. E a alimentação, para muitos povos, é a libertação”, comemora.

Regina Xeyla – Portal Nutrição