Richard Muller é um renomado físico americano que, por muitos anos, negou a possibilidade de que a mudança climática pudesse ser consequência da atividade humana. Mas, depois de analisar dados do relatório “250 anos de aquecimento global”, do projeto Berkeley Earth Surface Temperature, o cientista aceitou que se tenha equivocado. Em uma recente nota publicada no The New York Times, o pesquisador concluiu que o recente aquecimento global é “quase por completo” causa humana.                                                      

Muller assegura que, depois de uma pesquisa exaustiva, foi identificado um o aumento nos gases do efeito estufa, que estão estreitamente ligados ao irregular aumento de temperatura da Terra. Na nota do NYT, o cientista explica que seus “resultados mostram que a temperatura média da terra aumentou 2,5ºF nos últimos 250 anos, incluindo um aumento de 1,5 graus nos últimos 50 anos. Além disso, todas estas mudanças indicam que, essencialmente, todo este aumento de temperatura é resultado das emissões de gases do efeito estufa gerado pelos humanos”.

Mas Muller não é o único a dar voz a este alerta. O climatologista James Hansen, diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, publicou recentemente um artigo intitulado “A mudança climática está aqui e é pior do que pensávamos”. Hansen assegura que alguns fenômenos recentes, como a seca do ano passado no Texas e em Oklahoma, as temperaturas extremas em Moscou, em 2010, e a onda de calor ocorrida na França no ano de 2003, poderiam ser atribuídos às mudança climáticas.

Já Muller indica, em sua pesquisa, que a curva de dióxido de carbono se ajusta com a curva do aquecimento global, e isso coloca os seres humanos como causadores do aquecimento dos últimos anos, como consequência de nosso consumo de combustíveis fósseis. Muller indica que, acrescentando o metano como fator adicional do aquecimento global, não se obtinha nenhuma mudança nos resultados.

Anthony Watts, promotor do projeto SurfaceStations.org, critica os resultados obtidos por Muller. Watts lidera uma rede de voluntários que monitora o clima de diferentes pontos dos Estados Unidos e assegura que os resultados apresentados pela Universidade de Berkeley estão incorretos.  Mas blogs especializados indicam que Watts atua sob o comando do Heartland Institute e, portanto, suas acusações poderiam ter interesses por trás.

Sobre o futuro, Muller indica que a temperatura continuará aumentando nos próximos anos. O cientista calcula que a temperatura aumentaria 1.5 graus nos próximos 50 anos. Mas, se a China continuar em seu caminho de rápido crescimento, acompanhado do uso excessivo de carvão para satisfazer suas necessidades energéticas, então o aquecimento de 1.5 graus seria alcançado em apenas 20 anos.

A pesquisa realizada por Muller ainda não foi publicada em revistas científicas.

Fontes:

Artigo do NYT

http://berkeleyearth.org/results-summary/