Para produzir 1kg de chocolate se consome 24000 litros de água, para 1kg de carne, 16000 litros, para 1kg de azeitonas 4400 litros, para 1kg de açúcar 1500 litros. As pessoas que habitam as cidades estão desconectadas de todo o processo de produção dos alimentos e desconhecem a quantidade de recursos naturais não renováveis utilizados para produzir certos produtos que consumimos diariamente. A água doce é uma dos recursos mais explorados em toda a indústria, mas o manejo precário e a rápida poluição nas cidades nos conduz a uma crise marcada pela escassez deste líquido vital por volta de 2025. Para ajudar na solução deste problema a Water Footprint Network lançou um programa de certificação para profissionais avaliar as pegadas hídricas em atividades industriais, em 10 e 11 de maio em Amsterdã.

2,8 bilhões de pessoas em 48 países sofrerão por falta de água em 2025. É necessário desenvolver mecanismos de controle nas empresas que permitam medir o real impacto de suas atividades nos sistemas hídricos envolvidos no processo de produção, para isso foi desenvolvido um padrão para medir a pegada hídrica. A organização Global Watter Footprint define a pegada hídrica como um indicador que mede o uso direto e indireto de água tanto por parte dos consumidores como dos produtores. A pegada hidráulica de um indivíduo, uma comunidade ou um negócio equivale ao total de água fresca utilizada para produzir os bens e serviços consumidos por cada um deles.

A pegada hídrica é um mecanismo que permite medir o impacto de toda a cadeia de distribuição até chegar ao consumidor final. Alguns países como Argentina se especializaram na produção de carne e, como vimos, somente para produzir um quilo de carne se requerem mais de 16 mil litros de água. Esta pegada hídrica se movimenta por todos os países que importam carne da Argentina, de modo que não se trata apenas da pegada hídrica gerada em nível local, mas também do impacto que tem a produção de bens em distintos pontos do planeta como efeito da globalização.

Impacto mundial

A pegada hídrica per cápita dos habitantes dos Estados Unidos é de 2.483 m³ por ano aproximadamente, dos habitantes da Grécia é de 2.389 m³ por ano, e dos habitantes da Itália é de 2.322 m³ por ano. A média global é de 1.240 m³ por pessoa. É necessário desenvolver padrões e sistemas que permitam medir o impacto no planeta de cada um dos produtos que consumimos, somente um consumidor bem informado pode fazer uma escolha consciente dos produtos que tenha a menor pegada hídrica.

A avaliação da Water Footprint Network estabelece que a atividade agrícola consome 70% da água doce disponível no planeta. Este número leva a reflexão acerca do tratamento de água e revela a necessidade de estabelecer mecanismos que permitam reciclar a água das cidades e buscar mecanismos para fazer mais eficiente o desenvolvimento de atividades agrícolas. É momento de analisar experiências bem sucedidas como as do Centro de Pesquisa Agrícola de Israel no manejo de água para a agroindústria.

Estima-se que em 2050 60% do planeta sofreria uma crise por falta de água doce, isto desencadearia uma mudança radical no manejo da energia e causaria revoltas e até mesmo algumas guerras pelo acesso à água. É o momento de iniciar a busca por alternativas que nos permitam conseguir melhor gestão da água em todo o mundo e trabalhar no desenvolvimento de tecnologias mais econômicas que permitam, por exemplo, dessalinizar a água do mar ou capturar água do meio ambiente.