O degelo das capas dos polos e glaciares no mundo não acontece apenas pela ação do CO². Jonathan Leake, editor da seção de ciência do jornal Sunday Times, apresentou ao observatório meteorológico MET Office da Inglaterra um informe onde traz detalhes sobre como as partículas de carbono liberadas na atmosfera tem um impacto direto sobre o degelo de muitas superfícies no planeta. O fenômeno acontece quando as massas de gelo se escurecem e perdem a capacidade de refletir a luz solar, passando imediatamente a absorver calor e acelerar o processo de degelo.

As capas de gelo dos polos norte e sul atuam como um grande radiador no planeta. Além disso, neve e outras massas de gelo contribuem para manter o equilíbrio da temperatura do planeta em regiões distintas do mundo. Jonathan Leake assegura que os Alpes e o Ártico podem parecer muito brancos, mas é apenas uma ilusão, pois “na realidade estão cada vez mais cinzentos”. De acordo com o pesquisador, cientistas de todo o mundo se ocupam em medir como a poluição gerada pelo homem está escurecendo progressivamente os glaciares, acúmulos de neve e capas de gelo em todo o planeta. Suspeita-se também que um efeito similar estaria ocorrendo no Himalaia.

O efeito de escurecimento das capas de neve é, de acordo com Leake, causado por partículas microscópicas liberadas por motores a diesel, fábricas, centrais geradoras de energia e queima de florestas. Estas partículas de carbono são suspensas no ar e são capturadas pelas nuvens. Quando a neve contaminada cai, as capas de gelo que se formas na superfície não são totalmente brancas, e as partículas de carbono contidas na neve absorvem a luz solar, aumentando a temperatura da nenê e acelerando o processo de degelo. Desta forma, o aumento da temperatura é duplo, por um lado, dentro dos blocos de neve pela ação do carbono microscópico, e no ambiente pela ação do CO2.

A contaminação com partículas de carbono não afeta apenas as capas de gelo dos polos, mas também as zonas urbanas onde neve cai abundantemente, como na Alemanha, onde recentemente aconteceram inundações como consequência do rápido degelo da neve que caiu em dezembro.

Dados científicos

De acordo com cálculos de computador realizados pelo Met Office Hadley Center, as partículas de carbono liberadas na atmosfera podem adicionar um aumento de 0.3ºC na temperatura global, mas, talvez, o maior impacto deste contaminante possa ser observado quando combinado com neve ou gelo.

As partículas de carbono absorvem a luz solar com facilidade, além disso, reagem com outros componentes químicos da atmosfera, o que implica que estas partículas podem interferir no processo de formação e dissolução das nuvens.

A Dra. Vicky Pope, diretora de ciência climática do Met Office, indica que as partículas de carbono, em efeito, contribui para escurecer a neve, permitindo que maior quantidade de luz seja absorvida e acelerando o processo de degelo ocasionado pelo aquecimento global. Os cientistas indicam que ao falar de contaminação por carbono, se referem àquelas partículas de carbono tão pequenas que permanecem suspensas no ar por algum tempo.

As partículas de carbono não são novidade, a natureza sempre liberou partículas de carbono no ar, mas a atividade humana aumentou consideravelmente a contaminação com partículas de carbono ao queimar florestas ou campos de cultivo, ao utilizar carbono vegetal para cozinhar e ao fazer uso de máquinas que queimam petróleo diesel.

Com informações do blog do MET Office.