Pelo menos 800 mortos, centenas de desaparecidos e mais de 1 milhão de desabrigados registrados como consequência das tempestades que ocorreram nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro no estado do Rio de Janeiro. O governador declarou estado de calamidade pública nos sete municípios mais afetados. Foram pouco mais de 20 horas de chuva, e como resultado, foi a pior tragédia na história do Brasil.
Na Austrália o número de mortos por causa da chuva ultrapassou os 30 (tento em conta os registros de chuvas desde o mês de novembro). A magnitude do desastre na Austrália também foi tão grande que foi considerada como as piores chuvas dos últimos duzendos anos. Além disso, o nível das águas afetou mais de 14 mil casas e houve reportes de tubarões cabeça-chata nadando nas ruas inundadas somando mais terror entre os prejudicados.
Cientistas em Singapura se manifestaram a respeito das inundações na Austrália e indicaram que as mudanças climáticas intensificaram as chuvas das monções. Matthew England, pesquisador do Climate Change Research Center da Universidade de South Wales, em Sydney, informou a imprensa que a temperatura das águas na Austrália é a mais elevada que foi registrado até ao momento e este fator adicionou muita umidade na atmosfera.
Os especialistas indicam que este foi o episódio do La Niña mais forte registrado até hoje. Estima-se que da mesma forma, um novo do fenômeno El Niño seria exarcebado por causa das altas temperaturas do oceano. Mas o aumento da temperatura do mar seria apenas um fator.
Histórico de tempestades de verão no Brasil
As catástrofes resultantes de chuvas exorbitantes vem se acumulando na pilha de desastres naturais neste país e vem se tornando cada vez mais agressivos.
Santa Catarina, dezembro de 2008, 135 pessoas morreram e mais de 78 mil tiveram que abandonar suas casas depois de uma as piores enchentes da história do estado. 63 municípios decretaram estado de emergência. A região do Vale do Itajaí foi a mais atingida.
Dezembro de 2009, pouco mais de um ano depois, o drama se repete, desta vez em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro. 53 pessoas morreram soterradas. O que era para ser um período de festa em Ilha Grande se transformou em pesadelo para moradores e turistas.
Morro do Bumba, Niterói, abril de 2010. 47 mortos e mais de 3 mil desabrigados.
Enquanto as mudanças climáticas tem sua parcela de culpa no excesso de chuvas, especialistas diversos concordam ao afirmar que embora não pudéssemos evitar tantas perdas materiais, uma quantidade maior, muito maior de vidas deveria ter sido poupada.
O Brasil possui um centro de operações que integra 30 órgãos municipais e um sistema de meteorologia que pode prever temporais com até 48 horas de antecedência. O centro é operado pela prefeitura do Rio de Janeiro, capital do estado castigado pelo último temporal. Desde 9 de janeiro, dois dias antes do acontecido, satélites da NASA monitoravam o aumento anormal de núvens de chuva no sudeste do país. O perigo também foi identificado pelo Instituto Nacional de Metereologia que lançou um aviso especial sobre a ocorrência de acumulado significativo de chuva em todo o estado do Rio. O alerta foi emitido na terça-feira, dia 11 de janeiro, por volta das 4 e meia da tarde, 10 horas antes do início do temporal.
A falta de um plano de ação coordenado é apenas um dos problemas a serem enfrentados. Um levantamento da ONG Contas Abertas mostrou que a União gastou 14 vezes mais em reconstrução do que em prevenção em 2010. Dos 425 milhões de reais anunciados para o programa de prevenção e preparação para desastres em 2010, apenas 167 milhões foram investidos. Já os gastos com reconstrução chegaram a 2 bilhões e 300 milhões.
Os números oficiais indicam que há mais de 20 mil prejudicados e a situação é torna-se ainda mais grave devido ao isolamento que sofrem pelo menos 15 comunidades que não podem receber ajuda devido a impossibilidade de conseguir acesso a estas regiões.
A presidente Dilma Rousseff visitou as áreas devastadas e indicou que o governo direcionou 460 milhões de dólares para ajudar as zonas afetadas.
Deve-se ressaltar que as inundações no Brasil e na Austrália atraíram o interesse dos meios de comunicação por sua magnitude e impacto, mas também aconteceram grandes inundações no Sri Lanka (32 mortos) e na África do Sul (40 mortos). Além disso, este fenômeno não é isolado, deve-se ter em conta que o aquecimento global aumentaria a intensidade de alguns fenômenos naturais já conhecidos. Ao relembrar das últimas inundações, podemos identificar o que aconteceu na Polônia em maio do ano passado ou as inundações do Paquistão, que deixaram mais de 20 milhões de prejudicados em agosto de 2010.