O ano de 2011 começou com tristes notícias. O Chile suportou um terremoto de 7,1 graus na escala Richter, enquanto no Arkansas mais de 5000 aves mortas caíram do céu. Apenas dois dias depois, autoridades da região reportaram que encontraram quase 100 mil peixes mortos, e uma semana depois encontraram mais 2 milhões de peixes mortos em Maryland. Cientistas e especialistas seguem investigando o caso sem poder determinar a causa da morte dos animais, mas já apresentam algumas teorias

A paisagem parecia ter saído de um filme de terror. Milhares de aves de cor preta apareceram mortas ao amanhecer, depois do ano novo. Algumas horas depois relatórios de animais mortos começaram a aparecer de vários pontos da Europa e Estados Unidos. O fato captou o interesse de usuários de internet de todo o mundo, que inclusive criaram um mapa através do Google Maps para identificar os pontos onde foram registrados as mortes do animais.

Os especialistas ainda não encontraram resposta para a morte das aves, alguns pesquisadores se animaram em lançar algumas teorias, mas nenhuma teoria se mostra muito convincente. Uma das explicações, que tem recebido o maior número de críticas, é a que indica que as aves morreram pelo susto causado pelas explosões dos fogos de artifício e se chocaram contra edifícios. Uma nota publicada no El Mundo com esta explicação recebeu mais de 200 comentários negativos.

Peixes mortos

Em Maryland, nos Estados Unidos, as autoridades do Departamento do Meio Ambiente indicaram que a causa da morte dos quase dois milhões de peixes, que ocorreu na primeira semana de janeiro, foi uma combinação de uma corrente de água fria e a presença de uma enorme população de peixes jovens, que não suportaram a baixa da temperatura.

Mas o fenômeno não era exclusivo da costa dos Estados Unidos. No dia dois de janeiro, milhares de peixes mortos apareceram na costa de Abergavenny, no Reino Unido. Nesse mesmo dia, nas Filipinas, milhares de peixes apareceram mortos nas praias de Lapu, onde alguns habitantes locais decidiram coletar os peixes e cozinhá-los, uma má ideia, entretando, pois muitas pessoas adoeceram poucas horas depois do consumo.

No dia 5 de janeiro, as autoridades Brasileiras reportaram ter encontrado pelo menos cem toneladas de peixes mortos nas praias do estado do Paraná, na região sul do país. Os pescadores da região informaram à imprensa que estavam a parecendo peixes mortos também ao norte do estado.

O estranho acontecimento se produziu nas águas do Pacífico, na segunda semana de janeiro, centenas de peixes apareceram nas margens das praias localizadas entre Zorritos e Máncora, ao norte do Peru. Centenas de pequenos peixes apareceram mortos nas concorridas praias de Máncora, o que reforçaria a teoria de uma repentina quena das temperaturas do mar.

Talvez os primeiros indícios deste fenômeno puderam ser observados no final de dezembro, quando milhares de estrelas-do-mar e medusas mortas ficaram presas no mar próximo das praias da ilha de Palmas, em Charleston, Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Já desde 15 de dezembro, também foi possível ver milhares de peixes mortos na costa de Cocoa Beach. Os especialistas em clima disseram que uma corrente muito fria havia afetado a região.

Incomum

Na internet foram tecidas múltiplas teorias para explicar as estranhas mortes, desde uma conspiração, até reconhecer as mortes como sinais do Apocalipse, mas ao parecer, as mortes massivas de animais não são coisas raras. De acordo com uma enquete realizada pelo Centro de Saúde de Animais Silvestres dos Estados Unidos, nos últimos 10 anos foram registrados 175 episódios de mortes massivas que excedem as mil aves, considerando apenas este país.

No caso da morte dos peixes, é preciso ter em conta que na maioria dos casos se reportam animais da mesma espécie, portando a causa da morte deve buscar por um problema que afeta exclusivamente a essa espécie. Uma corrente de água fria – que talvez não podem suportar peixes de determinada espécie – poderia a causa mais provável.

As mortes de animais ocorrem com certa frequência, mas não são consideradas pelos meios de comunicação. Nesta oportunidade, entretanto, a situação foi diferente e os repórteres deram maior atenção aos acontecimentos similares. Todavia, é importante ter em conta que esta mudança brusca na temperatura da água está pegando os animais de surpresa – e isso não é algo usual. Além disso, deve-se considerar que uma mudança na temperatura das águas afetará diretamente as correntes marinhas, tornando-se importante estudar o impacto destas mudanças bruscas de correntes sobre fenômenos como o El Niño ou o La Niña, fenômenos que podem ocasionar secas ou inundações em diversas partes do planeta.