Os seres humanos estão consumindo 50% a mais de recursos naturais do que a Terra é capaz de fornecer. Como consequência, a biodiversidade do planeta diminuiu 30% nos últimos 40 anos. Essas são algumas das conclusões do Relatório Planeta Vivo 2010, divulgado nesta quarta-feira, 13 de outubro, pela WWF, em parceria com a Zoological Society of London e o Global Footprint Network.
Segundo o documento, um dos principais estudos sobre a saúde do planeta, a fauna e flora tropicais são as mais ameaçadas e estão em queda livre. Desde 1970, o número dessas populações caiu 60%. As espécies tropicais de água doce diminuíram 70% – uma percentagem maior que qualquer espécie terrestre ou marinha.
A pegada ecológica, outro dos indicadores utilizados no relatório, aponta que a nossa pressão sobre os recursos naturais duplicou desde 1996 e que estamos utilizando o equivalente a 1,5 planetas para suportar as nossas atividades. Nas últimas cinco décadas, as emissões de carbono cresceram 11 vezes.
Os Emirados Árabes Unidos lideram a lista dos países com maior pegada ecológica por habitante, seguido do Qatar, Dinamarca, Bélgica, Estados Unidos, Estónia, Canadá, Austrália, Kuwait e Irlanda. Já o Brasil possui a maior biocapacidade, seguido em ordem decrescente de China, Estados Unidos, Federação Russa, Índia, Canadá, Austrália, Indonésia, Argentina e França.
Os 31 países da OCDE (Organização para a Cooperação Econômica Europeia), que incluem as economias mais ricas do mundo, representam quase 40% da pegada global. Mais grave é que este número poderá piorar bastante nos próximos anos, se os BRIC seguirem um modelo de desenvolvimento semelhante ao dos países desenvolvidos, o que, segundo especialistas, deverá acontecer.
Consumo excessivo é o grande vilão
As causas do fenômeno são atribuídas a fatores como consumo desenfreado e aumento da demanda por recursos naturais. Se continuarmos vivendo da forma como estamos hoje, daqui a 20 anos será preciso dois planetas para manter a capacidade produtiva e satisfazer a nossa pressão sobre os recursos terrestres.
“Os países pobres, frequentemente tropicais, estão perdendo biodiversidade a uma velocidade muito alta”, afirmou Jim Leape, diretor-geral da WWF Global. “Enquanto isso, o mundo desenvolvido vive em um falso paraíso, movido a consumo excessivo e altas emissões de carbono.”
Para a presidente da WWF Internacional, Yolanda Kakabadse, a grande mensagem do relatório é mostrar que não é possível separar o crescimento do consumo da destruição do meio ambiente. “Não fizemos o suficiente para criar notoriedade sobre a importância da biodiversidade e não fizemos o suficiente para relacionar o nosso alto nível de consumo com a destruição da biodiversidade”, afirma.
Mas nem todas as notícias são ruins. Segundo o relatório houve uma recuperação das espécies de populações de áreas temperadas. As causas estão relacionadas aos esforços de conservação, redução da poluição e desperdício.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores avaliaram o estado de conservação de oito mil populações de mais de 2.500 espécies. O documento é publicado a cada dois anos e deverá ser revisto em 2012.
Até lá, a organização pede que haja um esforço mundial para que a conferência Rio + 20, que acontecerá no mesmo ano, seja uma chance real de examinar o estado do progresso sobre meio ambiente e o desenvolvimento e que as questões levantadas no relatório sejam centrais para a conferência.
Leia o documento na íntegra (em português).