O Centro Peruano de Estudos Sociais (www.cepec.org.pe) entrevistou recentemente o assessor de Políticas sobre as mudanças climáticas de Oxfam, Antonio Hill, que compartilhou com esta ONG seu ponto de vista sobre as políticas de amenização das mudanças climáticas e a inércia dos políticos frente aos desastres naturais – cada vez mais graves -, que são sintomas evidentes.

A respeito das políticas na América Latina frente às mudanças climáticas, o especialista indica: “creio que há uma falta de compromisso por parte dos governos, que implica nesta ameaça, creio que, sem dúvida, há uma mudança como produto das negociações a nível internacional, assim como pelos desastres que temos visto neste ano, como o deslizamento na Guatemala, ou as inundações no Paquistão. Desastre que exigem uma resposta da parte dos governos, uma posição mais contundente e uma prioridade política que até o momento não aconteceu”.

De acordo com o especialista, as mudanças climáticas têm três possíveis respostas: a mitigação (ou evitar os contaminantes que causas os males ao clima), em segundo lugar adaptar nossos esquemas sociais e econômicos para enfrentar e superar as mudanças na natureza, e a terceira opção é sofrer, quer dizer, “se não fazemos o suficiente na mitigação e na adaptação, então, vamos sofrer. e sobretudo, vão padecer os setores mais vulneráveis como as pessoas que se dedicam à agricultura, atividade que depende de certa estabilidade nos ciclos da chuva”.

O especialista indicou que no Peru, na cidade de Cuzco, um rio alimentado por um glaciar, teve seu canal diminuído em quase 50% nas últimas décadas, e os campesinos não tem resposta frente a esta mudança que poderia acabar com a provisão de água para sua região em 20 ou 30 anos. Para Hill, a solução radica em deter neste momento as mudanças climáticas, mas para ter êxito, os países de maior poder econômico devem assumir uma dupla obrigação: deter suas próprias emissões e ajudar os países mais expostos aos efeitos da mudança climática. Deste ponto de vista, os países ricos não tem a vontade de tomar medidas concretas. Em grande parte isso se dá “pela falta de interesses econômicos nos que primam as ganâncias financeiras de curto prazo sem avaliar o impacto no futuro, são poucos os países na Europa a fazer uma avaliação de longo prazo”.

Depois do fracasso de Copenhague, a próxima reunião em Cancun (México), gera grande expectativa. Hill indica que no ano passado haviam muitas visões divergentes sobre o acordo, desde sua perspectiva, os governos devem ter em mente a natureza do acordo que estão tratando, e então sim haverá um interesse genuíno de negociar um novo acordo vinculante no México ao final deste ano.

Hill indica que nos últimos informes sobre as mudanças climáticas já não falam de projeções futuras, mas de acontecimentos mensuráveis e impactos observados. Entretanto, a maioria das pessoas afetadas não são aquelas tocadas pelos grandes desastres, são por pequenas variações que alteram suas vidas, como por exemplo, quando se produzem pequenas variações na temperatura e frequência da chuva que pode significar a perda de colheitas, e deveria haver a prioridade a adaptar-se a essas mudanças, pois são esses eventos os que terão maior impacto a nível global.