w_h_20060307205520Ciro Maguiñar Vargas, Decano do Colégio Médico do Peru, aformou em uma entrevista concedida à Rádio Programas do Peru (RPP) que as mudanças climáticas propiciaram a aparição de cerca de 174 novas doenças. De acordo com o especialista, o aumento da temperatura global acelerou o ciclo biológico dos organismos que propagam doenãs (vetores), aumentaram o alcance e a velocidade com que se estendem os novos males.

Ebola, HTLV-1, rotavírus, hantavírus, hepatite B e dezenas de outras doenças encontram um ambiente propício para estender sua área de alcance. A falta de água entre populações pobres aumenta o impacto que tem a aparição ou ressurgimento de doenças entre as populações de todo o mundo.

As doenças não apenas afetam aos países pobres. O médico indicou que doenças como a malária e a dengue estão surgindo na Europa, enquanto que países como Estados Unidos, Chile e Paraguai já reportam casos de hantavírus.

De acordo com Maguiña, as mudanças climáricas teriam um impacto de 20 a 30 vezes maior nos países pobres em comparação aos países ricos, é por isso que se faz necessário reativar os programas de prevenção e construir moradias melhores que permitam aos cidadão de baixa renda viver de forma digna.

De acordo com os dados proporcionados, até 2025 as mudanças climáticas custariam ao Peru, cerca de 10 bilhões de dólares anuais por doenças, deslizamentos de terra e cataclismas diversos.

O Decano ressaltou que é de vital importância desenvolver um plano de prevenção e controle integral no qual se considere a saúde como um fator essencial, mas, sobretudo, desenvolver um programa educativo que instrua as pessoas para o cuidado com o meio ambiente. “É preciso educar a população sobre a importância que tem o cuidado com o meio ambiente, sem isso qualquer medida preventiva para a saúde fracassará”, destacou o médico.

Maguiña ressaltou que o homem tem responsabilidade pelo que ocorre com o meio ambiente, “mas o humano não é só responsável pelo que ocorre com o meio ambiente, ele pode evitar e minimizar os danos, no Equador foi evitado o início de mais trabalhos de petroleiras nas regiões indicadas pelos nativos”. O médico manifestou que é importante cuidar da água e do meio abiente porque ao fazer-lo, estamos trabalhando pela saúde das pessoas.

Mas não se trata apenas de um aumento na velocidade e extensão da propagação das doenças, mas também de seu impacto. Eduardo Gotuzzo, Diretor do Intituto de Doenças Tropicais da Universidade Cayetano Heredia, indicou à RRP que as mudanças climáricas estão ajudando as doenças a ultrapassarem as fronteiras das regiões onde eram endêmicas. Esta migração tem um efeito devastador nas populações onde a doença não era endêmica.

Gotuzo explicou que os moradores de regiões em que certa doença é endêmica desenvolvem uma resistência especial ao mal que é típico de sua comunidade, mas quando o mal se estende a novas zonas, os infectados sofrem uma realção muito mais grave em comparação.

Gotuzzo indica que as mudanças climáticas afetarão diretamente a saúde das pessoas, aumentando o número de mortes por mudanças repentinas de temperatura. Como exempli, o médico indicou que oito anos atrás 250 idosos morreram em um asilo no norte dos Estados Unidos em consequência de uma onda de calor. Por outro lado, vale ressaltar que este ano morreram mais de 400 pessoas no Peru por uma onda de frio que afetou regiões que se caracterizavam por seu clima quente.