Os danos causados pela maré negra gerada pela fuga de petróleo no Golfo do México continuam se estendendo ao longo da costa dos Estados Unidos. As autoridades estadunidenses reconheceram que os números proporcionados pelas British Petroleum (BP) foram minimizados. No início da crise, os representantes da BP informaram que devido ao acidente na plataforma vazavam diariamente mil barris de petróleo, mais tarde reconheceriam o derrame de cinco mil barris, mas recentemente funcionários do governo informaram ao New York Times (NYT) que estimam que a real magnitude do derrame seja de 60 mil barris de petróleo por dia.
Cientistas da Universidade de Michigan dizem que, como resultado da poluição causada pelo derrame se originaria uma “zona morta” no Golfo do México, com uma área de 20 mil quilômetros quadrados. Zonas mortas são áreas que não podem desenvolver vida animal ou vegetal.
E o pior ainda está para vir. Já se encontram manchas de óleo e piche nas areias brancas da famosa praia de Pensacola, Flórida, e alguns pesquisadores acreditam que a contaminação pode chegar até Cuba. A situação se complica com a chegada da temporada de furacões. No final de junho, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos informou que a tempestade tropical Alex se fortaleceu para um furacão com ventos de 120km/h, este fenômeno forçou a parada da limpeza no Golfo do México.
Mas o panorama poderia se tornar ainda mais “obscuro” para a BP. A Administração Nacional da Atmosféra e dos Oceanos dos EUA (NOAA) diagnosticou que nos próximos seus meses podem acontecer em torno de 23 tempestades tropicais e é provável que entre 8 e 14 destas se transformem em furacões. Neste momento uma frota de barcos trabalha limpando a região e está perfurar poços de alívio, cuja construção seria finalizada em meados de agosto.
De acordo com a informação proporcionada pelo NYT, a BP sabia que a plataforma Deepwater Horizon teria problemas técnicos meses antes do acidente.
Animais em perigo
Entre as medidas tomadas pela BP para controlar o desastre foi utilizado a queima de petróleo, infelizmente ao aplica esta estratégia foram obtidos resultados ruins. Cientistas relataram ao NYT que tartarugas marinhas em perigo de extinção estavam sendo queimadas vivas. Outros profissionais encarregados da tarefa de resgatar os animais contaram dezenas de tartarugas cobertas de petróleo nas áreas em torno da região onde era realizada a queima do petróleo.
Pelo menos 100 golfinhos presos no óleo relatou John L. Wathen, administrador do blog bpoilslick.blogspot.com, um blog dedicado exclusivamente a postagem de fotos e vídeos do desastre causado pela British Petroleum. Os vídeos de Wathen não deixam nenhuma dúvida, dezenas de golfinhos mortos, uma baleia capturada na massa preto oleosa, dezenas de pelicanos e outras aves, esperando a morte à beira da praia.
Risco para os humanos
As pessoas foram proibidas de tomar banho nas praias poluídas de Pensacola, e os riscos do petróleo podem causar mais do que apenas uma mudança de planos para as próximas férias. O óleo pode ser transformado em um “ingrediente oculto” e mortal mesa das pessoas. Especialistas indicaram que, sob certas circunstâncias, alguns peixes podem acumular uma quantidade de toxinas que pode ser letal.
“Os efeitos a longo prazo do petróleo sobre os componentes dos sistemas vivos não são tão óbvios quanto os a curto prazo. Nós estudamos o destino dos compostos orgânicos que entram na cadeia alimentar, cadeia alimentar dos oceanos. Os resultados indicam que certos hidrocarbonetos, uma vez que você se incorporam a um organismo, permanecem ali. Há evidências de que esses compostos passam por muitos membros da cadeia alimentar sem alterações e chegam eventualmente a seres marinhos que são destinados ao consumo humano … e até venenos potenciais podem se acumular nos alimentos utilizados para consumo humano “, disse Juan Carlos Sánchez, especialista ambiental do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática das Nações Unidas, ao jornal El Universal.