Redes de energia inteligentes, sistemas de posicionamento global (GPS), viagens aéreas, comunicações por rádio e muitos outros dispositivos podem ser afetados por um repentino aumento da atividade solar. Um painel de cientistas liderados por uma equipe da NOAA e sob patrocínio da NASA anunciou que as previsões do que será um novo ciclo solar poderia apresentar um aumento da atividade do sol entre 2011 e 2013.
Yuri Zaitsev, do Instituto de estudos espaciais da Rússia, indica que o aumento de atividade solar produz alterações na magnetosfera da Terra, podem causar danos nas linhas de alta tensão, nas redes de telecomunicações e no funcionamento de gasodutos e oleodutos. Além disso, as tempestades magnéticas podem afetar diretamente a saúde mental e física das pessoas. De acordo com os dados proporcionados por Zaitsev, o novo ciclo solar poderia ser “entre 30 e 50% mais potente que o anterior e pode ocasionar uma série de cataclismas”.
De acordo com os estudos apresentados pela NASA, o próximo ciclo solar será conhecido como “Ciclo Solar 24” o qual poderia ser caracterizado por um forte máximo solar em 2011 ou um débil máximo solar em 2012. No momento, o sol se encontra numa “estranha calma”.
Dean Pesnell do Centro de Vôos Espaciais Godart, representante da NASA no painel, assinala que “o sol está se comportando de uma forma muito inesperada e interessante” e enfatiza que no ano de 2008 e 2009 a quantidade de manchas solares diminuiu notavelmente, fenômeno que esteve acompanhado de ventos solares débeis e uma baixa radiação solar. Pesnell comentou “não temos visto nada como isso em nossas carreiras profissionais, o mínimo solar durou mais do que indicavam nossas previsões em 2007”.
Em meados de 2009 o sol mostrou uma ligeira mudança, mas os especialistas assinalam que é esperado um ano sem maiores atividades; embora, será apresentada uma atividade inusual entre 2011 e 2013, sobretudo em meados de 2013. “A profundidade do mínimo solar em 2008-2009 realmente nos tomou de surpresa” indica Davis Hataway, do Centro Marshal para vôos espaciais. O problema radica, indica o especialista, que o aumento da atividade solar pode afetar os instrumentos de alta tecnologia que utilizamos diariamente para realizar nossos trabalhos.
Em 1859 se produziu uma tempestade solar responsável pelo “efeito Carrington”. Richard Carrington observou o evento e identificou que os cabos de transmissão telegráfica se eletrificaram, causando incêndios nos escritórios de telégrafos, enquanto uma aurora boreal teve tal intensidade que as luzes verdes e vermelhas permitiam ler um jornal no escuro.
Um relatório da NASA indica que em 1989 aconteceu uma tempestade geomagnética que deixou Quebéc (Canadá) as escuras por 9 horas. John Kappenmann, da empresa Metatech, realizou um estudo para identificar os pontos fracos da rede elétrica dos Estados Unidos e descobriu que pelo menos 350 transformadores têm risco de dano permanente, deixando sem eletricidade aproximadamente 130 milhões de pessoas e afetando a outros sistemas que dependem da eletricidade para o sistema de distribuição de água, sistemas de refrigeração de alimentos e medicamentos, sistemas de tráfico, serviços de telecomunicações e muito mais.
De acordo com uma estimativa da Academia Nacional de Ciências, se na atualidade fôssemos afetados por um fenômeno similar, grandes danos seriam causados a infra-estruturas de alta tecnologia. As perdas poderiam beirar aos dois milhões de bilhões de dólares só nos Estados Unidos. Para realizar uma comparação, os pesquisadores indicam que o furacão Katrina causou apenas entre 80 e 125 bilhões de dólares em danos. Além disso, a recuperação do desastre poderia levar entre quatro e dez anos.
Dean Pesnell utiliza um pouco de humor negro quando comenta: “marque seu calendário para maio de 2013, mas utilize um lápis”.
Informações da NASA:
- http://ciencia.nasa.gov/headlines/y2009/29sep_cosmicrays.htm
- http://ciencia.nasa.gov/headlines/y2010/05feb_sdo.htm
- http://ciencia.nasa.gov/headlines/y2009/21jan_severespaceweather.htm
- http://science.nasa.gov/headlines/y2009/29may_noaaprediction.htm
Estudos (pdf):