03-4-alimentos-organicos-0111Philip Jones, economista agrícola da Universidade de Reading, assegura que utilizando a agricultura orgânica seria possível produzir alimentos suficientes para alimentar todas as pessoas do planeta, mas para atingir uma mudança eficaz da agricultura industrial para a agricultura orgânica, é necessário que as pessoas mudem sua dieta habitual, diminuam o consumo de carnes e aumentem o consumo de frutas e verduras para preparar seus pratos habituais.

Uma mudança para cultivos orgânicos requer, sobretudo, o apoio da população. Torna-se necessário que o consumidor tome consciência do impacto que produção de alimentos orgânicos tem sobre o planeta e os benefícios nas áreas rurais para que uma mudança para esse tipo de cultivo seja viável, pois na etapa inicial da transição os custos dos alimentos orgânicos pode ser um pouco mais elevado que o dos alimentos industrializados.

Benefícios
Jones assegura que a mudança para um modelo de agricultura orgânica resultaria em benefícios tanto para o meio ambiente como para as populações de zonas rurais. O especialista indica que entre cinco e sete milhões de hectares de terras agrícolas foram perdidas devido à erosão e a degradação da terra, enquanto que os cultivos industriais perderam grande parte de sua matéria orgânica, a qual se encarrega de funções como reter os nutrientes, a água e o dióxido de carbono. De acordo com a FAO, as terras utilizadas para cultivos agrícolas possuem até 40% mais matéria orgânica e entre 30% e 100% a mais de atividade microbiana que os campos de cultivos convencionais.

De acordo com o especialista, optar por um esquema de cultivo orgânico aumenta entre 30 a 70% no uso de pessoal. Este aspecto, considera Jones, poderia ser tomado como um aspecto negativo que poderá ser traduzido no aumento de preços dos alimentos. De outro ponto de vista, cabe avaliar se esta modalidade de cultivo permite reduzir a migração das populações rurais para os centros urbanos.

A água, ar e solo seriam menos contaminados, sobretudo as águas subterrâneas estariam livres de fertilizantes e pesticidas artificiais que são utilizados atualmente de forma intensiva pela agricultura convencional. É necessário, por outra parte, que os consumidores tomem consciência a cerca dos danos ocasionados pelos químicos vertidos no meio ambiente nos processos de produção e que na realidade os consumidores não percebem “o custo dos danos causados pela agricultura convencional” pois este custo não se aplica diretamente aos alimento, mas pode ser visto indiretamente.

Desvantagens
No começo nem tudo seria melhor, a mudança implica num processo de adaptação que requer uma fina planificação que permita a sociedade o processo de mudança. Para os consumidores, a principal desvantagem seria enfrentar um aumento nos preços dos alimentos, mas este é um fator passageiro na medida que a produção de alimentos orgânicos aumentasse. Além disso, a investigação de Jones demonstra que é possível manter uma dieta equilibrada, mas sem antes atingir uma mudança nos hábitos alimentares da população, e este é talvez o ponto mais difícil de conseguir no novo esquema apresentado pelo especialista.

Jones reconhece que uma mudança total para uma agricultura orgânica resultaria em perdas no rendimento de cultivos na Europa, Austrália e América do Norte. Por esta razão talvez uma estratégia para uma troca progressiva no sistema agrícola resulte numa melhor opção.

Necessidade de mudança
O especialista indica que uma enquete realizada pela Universidade de Reading entre agricultores da União Europeia permitiu identificar para todos os homens do campo que é mais importante que os consumidores entendam as vantagens que oferecem os produtos orgânicos e que estão disposta a pagar um pouco mais que pelos produtos tradicionais.

O problema revela que a população urbana está alienada da agricultura e não compreende nem valoriza a  produção de alimentos orgânicos, razão pela qual seria necessário desenvolver campanhas entre os cidadãos para gerar uma atitude favorável para os produtos orgânicos.

Fonte:
http://www.consumer.es/web/es/medio_ambiente/urbano/2010/02/13/191121.php