O desmatamento da Amazônia, em agosto de 2009, diminuiu 34% em relação ao mesmo mês de 2008. A área desmatada no mês passado, apontada pelo Deter, foi de 498,1 km². E o estado que registrou maior índice de destruição da floresta foi o Pará, com 301,18 km², seguido do Mato Grosso (105,24 km²) e Rondônia (50,93 km²). Os dados foram divulgados na tarde desta quinta-feira (24/9) pelo Inpe e comentado pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em coletiva à imprensa.
De acordo com o ministro, a pouca incidência de nuvens na área monitorada pelo Deter em agosto “fez com que os dados coletados sejam muito próximos da realidade”. Se considerado o período de janeiro a agosto, 2009 registrou uma queda de 57% em relação ao mesmo período de 2008. E quando comparado ao desmatamento do último mês de julho, a queda foi de 40%.
Segundo o ministro, em 2008 será registrado o menor desmatamento dos últimos vinte anos. “Pela primeira vez em vinte anos, [o desmatamento] será abaixo de 9 mil km²”. Minc disse que o menor desmatamento anteriormente registrado foi em 1991, quando foram registrados, segundo ele, 11.100 km² (de agosto a julho).
Apesar dos índices registrados pelo sistema de monitoramento, Carlos Minc disse que ainda não está satisfeito. “Eu não comemoro, sempre acho que a queda no desmatamento não é satisfatória. Eu quero desmatamento zero”. Segundo ele, “a queda foi importante, mas desmatar 500 km² em um mês não é razoável. É um absurdo”, avaliou.
Mesmo assim, o ministro ressaltou que a queda é “importante”. “A diminuição mostra que estamos suando a camisa, combatendo o crime, a impunidade, ‘asfixiando’ os predadores e criando alternativas, que serão a solução para um futuro mais sustentável”, disse. “Mas ainda precisamos trabalhar muito”, completou.
Ações conjuntas – Ao comentar os dados do Deter, Carlos Minc chamou a atenção para a queda no desmatamento em áreas onde o MMA, o Ibama e a Polícia Federal têm realizado operações conjuntas de combate a crimes ambientais. “O Ibama, por exemplo, mobilizou servidores de outros lugares, para atuar na região”, contou.
Carlos Minc também destacou a Operação Arco de Fogo, da Polícia Federal. O coordenador da iniciativa, delegado Alcir Teixeira, participou da coletiva e apresentou os resultados da iniciativa, desde março de 2008, quando começou a funcionar. Segundo ele, nesse período, 214 inquéritos policiais foram instaurados, 198 prisões efetuadas e mais de 93 mil m³ de madeira apreendidos. “Se considerarmos que um caminhão comporta 20 m³, podemos ter uma noção do que esse número significa”, disse.
Novas frentes – Minc aproveitou a coletiva para anunciar que ações semelhantes às realizadas na Amazônia já começaram a ser feitas no Cerrado e, em breve, também ocorrerão na Caatinga. “Tudo o que estamos fazendo na Amazônia, vamos fazer no Cerrado e na Caatinga”, revelou o ministro.
Para isso, no entanto, Minc espera que seja aprovada pelo Congresso lei que cria mil novos cargos para o Ibama e para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. (ICMBio). “Serão 450 [cargos] para o ICMBio e 550 para o Ibama, necessários porque já abrimos a frente do Cerrado e em novembro teremos a caatinga para monitorar e impedir que ela vire deserto”.
O sistema DETER é um levantamento mensal feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde maio de 2004. O sistema monitora, por satélite, o desmatamento na Floresta Amazônica.