De acordo com pesquisa publicada nos Cadernos de Saúde Pública, muitos idosos sofrem com problemas de mastigação – e esse quadro que pode estar diretamente relacionado com a baixa renda, não-assiduidade nos tratamentos dentários ou mesmo nunca ter ido ao dentista, ter cáries não-tratadas e possuir necessidade de prótese dentária. O trabalho é de Juvenal Soares Dias-da-Costa, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, e colegas, e foi publicado na edição de janeiro de 2010.
Segundo os autores, foram utilizados dados de estudo realizado pelo Ministério da Saúde, com a participação das secretarias estaduais e municipais de saúde, de universidades, do Conselho Federal de Odontologia e da Associação Brasileira de Odontologia. “O estudo foi realizado incluindo zonas urbanas e rurais de 250 municípios em todos os estados brasileiros durante os anos de 2002 e 2003”, afirmam. Todos os dados, segundo o grupo, foram coletados nos domicílios dos participantes, através de exames dentários e de uma entrevista.
Os pesquisadores revelam que dos 5.124 idosos entrevistados, 2.546 disseram ter capacidade de mastigação insatisfatória. Quanto às variáveis socioeconômicas, eles declaram que “as prevalências de capacidade mastigatória insatisfatória aumentaram de acordo com a diminuição de renda. Indivíduos com menor escolaridade também apresentaram maior prevalência de capacidade mastigatória insatisfatória”. Além disso, “a maioria dos entrevistados referiu: frequência de visita ao dentista com a periodicidade de 3 anos ou mais (66,7%), local de atendimento no sistema público (41,9%)” e “60,1% das pessoas não receberam orientações de como evitar problemas bucais, 69,4% apresentavam presença de cáries não tratadas, 60,9% tinham perdas entre 28 a 32 dentes e 59,2% usavam próteses dentárias totais. Por outro lado, a maioria não apresentava alterações de tecido mole (83,8%), nem doença periodontal severa (37,6%), tinha ausência de dor de dente nos últimos seis meses (77,1%) e não tinha necessidade de prótese (43,3%)”.
Para Juvenal e colegas, o estudo “diagnosticou de forma rigorosa e consistente as condições de saúde bucal da população idosa, apontando para a necessidade da sua priorização e indo ao encontro da tendência da produção científica odontológica no Brasil”. Eles acreditam que “com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, tornam-se evidentes que melhores condições de acesso e tratamentos adequados a essa parcela da população se fazem necessários”.
Fonte: Saúde e Movimento