Exercícios respiratórios são eficazes e podem atuar como aliados ao tratamento medicamentoso da asma na população idosa. De acordo com uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), idosos asmáticos que se submeteram a um programa regular de exercícios respiratórios – em geral deixados em segundo plano – apresentaram melhora no quadro clínico e na qualidade de vida.
O estudo Os efeitos de um programa de exercícios respiratórios para idosos asmáticos, de autoria de Ludmila Tais Yazbek Gomieiro, consiste basicamente em praticar a respiração diafragmática, com ênfase na parte baixa do diafragma, para que a respiração se dê de maneira mais correta: “No dia-a-dia não enchemos nem esvaziamos o pulmão o quanto deveríamos”, afirma. O programa de exercícios foi aplicado duas vezes por semana, em sessões de uma hora, durante quatro meses.
Os principais sintomas da asma – tosse, falta de ar e “aperto” no peito – se manifestam em crises desencadeadas, normalmente, por estímulos físicos, emocionais ou ambientais, como fumaça ou poeira. A limitação física de idosos, consequência natural da maior idade, facilita o desencadeamento desses sintomas, principalmente quando uma atividade física, ainda que diária, é realizada.
Além disso, o envelhecimento torna a parede torácica mais rígida e enfraquece os músculos respiratórios, entre eles o diafragma, o que reduz a capacidade de respirar. Assim, em função do medo da crise, a autoconfiança dos idosos diminui e isso tem influência negativa em sua vida social. “Eles ficam com medo de sair de casa, de passear com os netos, de viajar, pois acham que terão falta de ar ou uma crise e não terão como serem socorridos, pois estarão em ambientes desconhecidos”, explica a pesquisadora.
De acordo com o estudo, houve um aumento das pressões inspiratórias e expiratórias em decorrência do fortalecimento da musculatura, ou seja, o pulmão passou a esvaziar e a encher melhor. Isso diminuiu as limitações físicas dos pacientes. “Subir ladeiras e escadas, entrar no ônibus ou realizar atividades diárias tornou-se mais fácil”, descreve Ludmila. A necessidade do bronco-dilatador, conhecido por “bombinha”, também diminuiu, bem como a quantidade de falta de ar durante a noite. Em conjunto, esses resultados aumentaram a qualidade de vida dos idosos, que passaram a se sentir mais confiantes.
A pesquisa
No Brasil, o aumento da população com mais de 60 anos e a ausência de estudos sobre exercícios respiratórios como tratamento da asma para pessoas com essa faixa etária foram fatores que levaram Ludmila a pesquisar o tema. Entretanto, sua maior motivação foram as aulas de atividades físicas para asmáticos das quais participava. “Alguns alunos chegavam em crise leve e nós conseguíamos reverter o quadro só com os exercícios respiratórios.”
A maioria dos tratamentos deixa de lado os exercícios ou, quando os utilizam, fazem uso de aparelhos e válvulas inspiratórias, o que os torna menos acessíveis. O programa de exercícios desenvolvido por Ludmila não necessita de aparelhos e o paciente pode praticá-lo sem sair de casa. “Se a pessoa tiver disciplina e conseguir decorar o básico, é possível fazer sozinha.” Além disso, se praticados regularmente, podem ser coadjuvantes no tratamento da doença.
O estudo teve a orientação do prof. Pedro Francisco Giavina Bianchi Junior, do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP.
Fonte: Saúde e Movimento