Desde que o pai da professora de inglês Nara Cunha sofreu um derrame, em setembro passado, a vida dela e de suas três irmãs tornou-se uma rotina de cuidados, realizados em regime de revezamento, conforme a disponibilidade de cada uma delas.

Segundo estimativa do Ministério da Saúde, 10% da população brasileira já chegou à terceira idade e cerca de 20% desses idosos têm algum comprometimento e necessitam de cuidados.

“Com o aumento da expetativa de vida, cuidar de um idoso se tornará algo tão comum quanto ter filhos. Ainda assim, esse tema é pouco explorado. Faltam orientações sobre o assunto para quem cuida”, diz Ângela Maria Machado de Lima, médica sanitarista e professora da USP, que acaba de lançar o livro “Cuidar do Idoso em Casa” (ed. Unesp, 204 págs., R$ 25).

O tema foi debatido em mesa redonda durante o último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em Belo Horizonte.

O esquema de revezamento estabelecido na casa da professora é a melhor maneira de uma família cuidar de seus idosos, segundo Sônia Maria da Rocha, professora de pós-graduação em Enfermagem da Universidade
Federal de Santa Catarina, que coordenou a discussão sobre esse assunto no congresso.

Assim, ninguém se sente sobrecarregado e o idoso tem a atenção de que necessita. “Um cuidador sobrecarregado dificilmente solicita ajuda. Em geral, ele espera que os outros percebam que ele precisa dessa ajuda.”

Para cuidar dos pais, o ex-comerciante Geraldo Batista da Cunha e Ernestina Matilde da Cunha, ambos de 74 anos, Nara e suas três irmãs se orientam pelas informações dos médicos e pelas dicas de vizinhos e amigos que já passaram por situações semelhantes. “Cidade pequena tem dessas coisas. As pessoas se ajudam”, diz
Nara, que mora em Pedro Leopoldo (46 km de Belo Horizonte).

O Ministério da Saúde tem lançado material de apoio para quem tem idosos em casa. O “Guia Prático do Cuidador”, com orientações sobre higiene, dieta e outros assuntos está na página http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes, no link “Atenção à Saúde”.

Apesar de alguns idosos preferirem ser institucionalizados, para não depender de filhos e outros parentes, a maioria escolhe ficar em casa, mesmo que a família tenha capacidade limitada para realizar certos procedimentos. “O idoso é muito grato”, diz Sônia.

Fonte: Folha de São Paulo