013-home_care_image1Aumentou o número de cirurgias em pacientes de idade avançada, resultando em aumento da morbidade e em aumento dos gastos com saúde. Assim, há muitos critérios a considerar quanto ao atendimento a um paciente idoso, porque a recuperação do paciente pode ser mais lenta, de forma que as pessoas da terceira idade têm muitas demandas adicionais de natureza cardíaca, síntese protéica, resposta imunológica ou regeneração celular, por isso, é necessário identificar os processos patológicos específicos para cada sistema. É por tudo isso que se deve prestar atenção especial aos pacientes da terceira idade ao submeter-lhe a uma cirurgia. Diversos pesquisadores apresentaram estratégias para minimizar a mortalidade na atenção pós-operatória.

A cada ano, mais idosos se submetem a operações nos Estados Unidos. De acordo com pesquisadores o número de pacientes de idade superior a 65 anos aumentou de 7 a 14 milhões só nos EUA, para tanto se requer maior especialização para poder oferecer uma melhor atenção a esse tipo de pacientes e, além disso, reduzir os custos associados ao internamento dos pacientes.

Os pesquisadores indicam que os idosos sofrem mudanças que afetam seu sistema nervoso; e ligadas a essas mudanças também se produzem modificações nos sistemas cardiovascular, respiratório, endócrino e renal. Em suma, essas mudanças derivam de uma diminuição das funções orgânicas, deteriorando sua resistência ao estresse e mudando as respostas a muitos medicamentos.

Adicionalmente às mudanças antes indicadas, registra-se que um adulto perde 50 mil neurônios por dia, mas os de idade superior a 60 anos duplicam esse valor, produzindo uma hidrocefalia a baixa tensão, ao mesmo tempo em que se alteram as conexões sinápticas, assim como a liberação e ação de neurotransmissores. Em doenças como Parkinson e Alzheimer foi demonstrado que há uma diminuição de neurotransmissores.

Deve-se ter cuidados adicionais quando o paciente idoso se encontra em um estado de saúde pré-operatório frágil e ainda mais quando detecta-se a presença de uma deterioração cognitiva pré-operatória. Identifica-lo põe os especialistas em alerta para atuar frente a aparição de quadros cognitivos nos pós-operatório em médio e longo prazo. Neste momento não há um tratamento para a deterioração cognitiva leve, mas estão em curso estudos com antioxidantes e drogas como o donepecilo, rivastigmina e galantamina.

Os transtornos do sono e a aparição de quadros delirantes em cirurgias anteriores devem ser considerados como fator de risco. Depois de uma operação deve-ser ter o cuidado para que não surjam transtornos no sono do paciente para melhorar o processo de recuperação do idoso e minimizar os episódios de estresse devido ao internamento.

O internamento do paciente também pode gerar situações de estresse, por isso Canet e colaboradores insistem que devem ser reduzidos ao mínimo os períodos de internamento dos idosos, sempre que sua saúde permita, e é considerado fundamental a re-inserção ao meio habitual de vida do paciente; com esta medida, os pesquisadores conseguiram reduzir as disfunções cognitivas e reduzir os custos de hospitalização de forma significativa.

Também foram reportadas diferenças entre os efeitos nos idosos de uma cirurgia menor e uma cirurgia maior. De acordo com uma investigação desenvolvida por Rohan, a cirurgia menor tem uma relação escassa com a incidência de delírios, em comparação com cirurgias maiores em idosos.

Os especialistas dividem as alterações do sistema nervoso central em idosos durante o período pós-operatório em duas grandes categorias: por um lado os transtornos de memória ou disfunções cognitivas propriamente ditas e os delírios, confusão ou desorientação.

Nos casos de delírios, confusão e desorientação pós-operatória, é conveniente descartar as causas secundárias como hipoxia, dor, retenção urinária, entre outros. Apresentam-se também alterações na atenção, pensamento desorganizado, alterações de linguagem, da motricidade e da sequência vigília/sono (transtornos cognitivos), usualmente durante um tempo curto e apresenta evolução flutuante. Este tipo de transtornos se dá entre 14% e 56% dos idosos e com uma mortalidade que oscila entre 10% e 70%. Tendo em conta que a mortalidade está associada a uma condição de debilidade física prévia a operação e uma idade muito avançada.

A demência implica no desenvolvimento de múltiplas disfunções cognitivas (afasia, apraxia, agnosia, impossibilidade de executar funções, alterações de memória, entre outros), se dá com menor incidência entre os pacientes, mas aos poucos se transforma em um transtorno crônico.

Jonson indicou em uma pesquisa que encontrou uma incidência de 19% de disfunções cognitivas depois de operações não cardíacas, e aos três meses foi registrado uma incidência de 6,2%, destacando que a incidência é alta durante a primeira semana de cirurgia, mas se reduz rapidamente no decorrer dos meses. De sua parte, Sellwood e Orwell identificaram que os fatores de risco para as disfunções prolongadas são a idade elevada, a infecção pós-operatória e a aparição de disfunções na primeira semana de pós-operatório e concluem que os riscos de demência a longo prazo permanecem inda hoje sem serem esclarecidos.