Os esportistas perdem líquidos durante o treinamento diário, mas tentar reidratar-se consumindo água na mesma proporção que o peso perdido durante a prática esportiva não é a melhor estratégia. A partir de diversos estudos, pesquisadores chegaram a conclusão que para evitar a desidratação, os atletas devem consumir líquidos em quantidade equivalente a 150% da perda de peso durante o treinamento e o líquido deve ter uma concentração de sódio entre 50 e 60 mmol x 1(-1). A ingestão desta solução deve se dar nas duas horas posteriores ao treinamento.
Os pesquisadores determinaram, além disso, que não se deve ingerir bebidas muito frias, pois ainda que mais agradável, entorpece a absorção e pode produzir um choque térmico ou “corte de digestão”. Por outro lado, uma bebida muito quente também afeta a absorção dos líquidos, portanto, os especialistas recomendam ingerir a bebida “fresca”, quer dizer, entre 10 e 15°C.
A água permite manter estável a temperatura do corpo. Apesar da grande quantidade de calor gerado nos músculos pelo exercício, a água possui propriedades térmicas que permitem transportar o calor dos músculos até a superfície da pele para sua posterior evaporação. Em ambientes de calor muito intenso e úmido, a capacidade do corpo para perder o calor pela sudoração diminui e se produz uma diminuição no rendimento do exercício, aumento da temperatura corporal com alteração do sistema nervoso central, redução do fluxo sanguíneo muscular e aumento do fluxo sanguíneo cutâneo, aumento do consumo de glicogênio muscular, aumento da produção de ácido lático e fadiga muscular.
A perda de líquido produz nos esportistas a diminuição no rendimento esportivo, produzindo o aumento do trabalho cardíaco, produz um deterioro funcional dos músculos e tendões devido ao aumento da temperatura muscular que altera a estrutura normal das proteínas contráteis e de colágeno, com risco de lesões músculo-tendinosas. Deve-se considerar que uma perda de 3% do peso corporal poderia causar contraturas e cãibras musculares, ao mesmo tempo em que aumentaria o risco de lipotimia, podendo chegar a uma temperatura de 38 graus centígrados. Uma perda de 5% do peso corporal gera risco de lesões músculo-tendinosas e uma perda de 8% provoca a contração muscular sustentada sem capacidade de relaxamento, e chegar a uma perda de 10% do peso corporal implica em risco vital.
A água não serve apenas para hidratar-se depois de um treinamento esportivo, é necessário adicionar eletrólitos para melhorar sua absorção pelo organismo. Costill e Sparks demonstraram que a ingestão de água corrente depois de uma desidratação induzida, com perda de 4% de massa corporal, não proporcionava alívio ao processo de desidratação, pelo contrário, se produziu no organismo do atleta uma diminuição da osmolalidade plasmática seguida de diurese abundante. Mas ao adicionar na água eletrólitos (106 g x 1(-1) de carboidratos, 22mmol x 1(-1) de Na, 2,6 mmol x 1(-1) de K, 17,2 mmol x 1(-1) de Cl), se observou um menor nível de diurese e o saldo líquido da água se manteve muito próximo ao nível prévio do treinamento.
Pujol demonstrou também que é possível conseguir uma reidratação mais rápida com uma bebida de conteúdo relativamente mais alto de Sódio. O pesquisador demonstrou que é possível conseguir a reidratação depois do exercício somente se são ingeridas quantidades de líquido adequadas com a concentração de Sódio adequada. Pujol assinalam que o ideal é beber o equivalente a 150% da perda de peso com uma concentração de sódio de 55 mmol x 1(-1), combinação que resultou numa maior eficiência da maioria das bebidas para esportistas, que na maioria dos casos tem menos da metade da concentração antes mencionada, mostrando-se pouco eficazes para reidratar o corpo dos atletas.
As pesquisas indicam que a adição de carboidratos não é necessária permitir a reidratação, mas pode ajudar a melhorar a absorção intestinal de sódio e água, e, além disso, melhora o sabor do líquido. No caso de treinamentos intensos e de longa duração, é recomendável a adição de carboidratos para retardar a fatiga e acelerar a recuperação do glicogênio perdido.
Os pesquisadores recomendam ingerir entre 150 e 350 ml de líquido em intervalos de 15 a 20 minutos depois de iniciar a rotina de exercícios. Deve-se procurar soluções que contenham uma concentração de 20 a30 mmol x1(-1) para prevenir a hiponatremia. Em exercícios intensos e de longa duração é conveniente a adição de carboidratos.