A recente decisão de Donald Trump de impor tarifas recíprocas gerou grandes expectativas e preocupações nos mercados. De acordo com Max Stainton, estrategista de Macroeconomia Global da Fidelity International, se as tarifas forem aplicadas conforme anunciado, os Estados Unidos poderão enfrentar um “choque traumático de estagflação”, com graves consequências para sua economia e para o comércio global. Este cenário levanta questões sobre o impacto das políticas comerciais e as possíveis repercussões para os investimentos.
Impacto das tarifas na economia dos EUA
Em 2 de abril, Trump anunciou um aumento significativo das tarifas, elevando as taxas efetivas a níveis não vistos desde o início do século XX. Se aplicadas de forma permanente, as tarifas poderiam elevar a inflação nos EUA para 3,5% no verão, afetando o consumo e o investimento. Stainton alerta que, embora alguns ajustes possam ser negociados, a incerteza sobre as tarifas manterá a confiança dos investidores sob pressão.
Este tipo de aumento tarifário poderia não só travar o crescimento econômico nos EUA, mas também gerar um cenário de estagflação, uma combinação de inflação elevada e baixo crescimento econômico. Na pior das hipóteses, se as tarifas ultrapassarem os 20%, corre-se o risco de entrar em uma recessão cíclica.
O que aconteceria se houvesse retaliações?
A situação poderia piorar se potências comerciais como a China ou a União Europeia decidissem responder com tarifas próprias. Isso afetaria ainda mais o crescimento econômico dos EUA, mas também poderia moderar a inflação. Nesse contexto, as negociações para buscar isenções ou ajustar as tarifas poderiam gerar uma diminuição dos efeitos negativos, embora a incerteza continuasse afetando as perspectivas econômicas.

Quanto ao impacto das políticas de Trump no Federal Reserve, Stainton aponta que a possibilidade de cortes nas taxas de juros continua incerta. Se a economia dos EUA entrar em recessão, o Federal Reserve poderá ser obrigado a reduzir as taxas de forma reativa, o que geraria novas tensões nos mercados financeiros globais.
Desafios para os investimentos
Em termos de alocação de ativos, os gestores da Fidelity estão adotando uma abordagem cautelosa. Embora o ciclo econômico tenha sido impulsionado pelo consumo americano, a crescente incerteza exige uma estratégia ágil. Os mercados de ações e os ativos de alto rendimento, por exemplo, podem enfrentar obstáculos devido à incerteza criada pelas tarifas.
Uma das recomendações da Fidelity é concentrar-se em ações de baixa volatilidade e setores com perspectivas de crescimento acima da média, bem como em títulos indexados à inflação e ao ouro, como forma de proteção contra a estagflação. Essas estratégias de investimento podem ser fundamentais para navegar pela volatilidade que se aproxima.
Perspectivas para o futuro
Olhando para o futuro, as previsões para 2025 são pessimistas. Espera-se que o crescimento econômico dos EUA permaneça baixo, com uma inflação que provavelmente ultrapassará 3%. Isso pode criar um ambiente econômico desafiador para investidores e profissionais da área de Negócios, que deverão estar preparados para lidar com a incerteza global e as implicações das políticas comerciais.
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Fonte: Fidelity: EUA sofrerão “um choque traumático de estagflação” se aplicarem as tarifas