Não é de hoje que o público LGBT vem se espalhando pelo mundo inteiro. No Brasil, hoje eles representam 18 milhões de pessoas, onde 78% dos gays têm cartão de crédito e gastam até 30% mais em bens de consumo do que os heterossexuais, mais uma prova que esse mercado pode e deve ser explorado. Isso se explica porque 83% dos homossexuais estão inseridos nas classes A e B, com uma média salarial de R$ 3.247,00, na sua maioria sem filhos e com grande possibilidades de investir em imóveis, carros, e outros segmentos, números levantados pela inSearch Tendências e Estudos de Mercado. Para reforçar essa idéia, a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), afirma que a categoria movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano no Brasil.        

Apesar de bastante rentável, este é um segmento que ainda não é explorado da forma  que deveria em nosso país. O preconceito e o medo de quebrar os padrões fazem com que empresários de vários ramos percam dinheiro.  “O primeiro passo das empresas é a exposição. Uma marca que se coloca como friendly ou que tem um produto específico tem que se mostrar dessa forma. Há um preconceito muito grande, mas muitas estão deixando isso de lado e partindo para o que interessa: negócio, desenvolvimento e faturamento”, avalia Luiz Redeschi, empresário e organizador da Expo Business LGBT Mercosul, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A maneira de se inserir neste mercado pode ser mais sutil do que se imagina, só o fato de não ignorar um segmento tão lucrativo já pode ser um sinal de inteligência. No Dia dos Namorados deste ano, o banco Itaú lançou um desenho no Facebook composto por um casal heterossexual que ao seu lado tinha um casal de gays e um de lésbicas com a frase “Feliz Dia dos Namorados do Seu Jeito”. Na Parada Gay de São Paulo, uma das maiores do mundo com mais de três milhões de participantes, o Itaú também parabenizou a diversidade por meio da bandeira do movimento LGBT e da frase “A gente é laranja, mas é feito pra todas as cores”.

De forma mais institucional, o banco também permite o financiamento imobiliário com duas pessoas solteiras do mesmo sexo em conjunto, mesmo que não haja relação de parentesco entre si. A possibilidade abre precedentes antes impensáveis pelos gays.

“Não é desenvolver um produto ou serviço, mas conversar bem. Existem empresas mais sensíveis a isso, que fazem um plano de comunicação excelente. Ao falar com o público LGBT, esses grupos assumem que o mundo vive hoje uma grande diversidade”, analisa Fábio Mariano, especialista em comportamento do consumidor e Diretor Executivo da inSearch.

A idéia não precisa ser necessariamente agressiva, mas tem que ser colocada em prática, não esquecida na gaveta. Mais do que colocar uma bandeira colorida na porta, as empresas tem de captar a essência do desejo dos homossexuais. É preciso conversar, tratar bem e saber que este segmento tem um potencial enorme a ser explorado.