Na Moda, o sucesso depende de previsões corretas do que as pessoas estarão usando daqui dois anos. Analistas de tendências dependem fortemente de instinto e observação, já que geralmente viajam pelo mundo tirando fotos do que as pessoas estão vestindo e então combinando com outros tipos de informação – da cultura pop, da política à economia e comportamento do consumidor.
Agora dois empresários em Nova York, procuram tornar mais fácil a vida de marqueteiros, compradores, fabricantes e varejistas, ao prever a próxima grande coisa – e a grande coisa de hoje – ao prover informações em tempo real sobre o que as pessoas estão vestindo, bem como quando e porquê estarão vestindo.
A companhia, Stylitics, é a nova marca infante de Rohan Deuskar e Zach Davis, que se conheceram ao trabalhar na mesma empresa de Mobile Marketing. Ambos tinham experiência no uso de novas tecnologias para ajudar as marcas a se conectar com seus consumidores.
Eles optaram por atender a indústria da moda depois que Deuskar olhou para seu guarda-roupa e teve uma epifania: ele tinha apenas uma vaga ideia do que era o seu próprio estilo. Ele não sabia quais itens ele usava mais, ou quando, ou quais que pareciam dar mais valor para seu dinheiro. Ocorreu a ele que as marcas e os varejistas provavelmente também não sabiam como e porque as pessoas escolhiam diariamente suas roupas. Assim, ele e Davis viriam uma oportunidade para trabalhar.
Os dois criaram um algorítimo que pode analisar tendências de moda locais baseado-se em informações dos sites que os usuários acessam, sites que mantém um guarda-roupas virtual ou apenas armazenam informam o que usam no dia a dia. O que as pessoas usam – na escola, na academia, no cinema, no trabalho, num dia chuvoso – dá aos comerciantes conhecimento diário dos apetites do comprador.
Constance Dunn, um analista de consumo em Los Angeles e autor do livro Practical Glamour: Presenting Your Most Beautiful & Polished Self to the World diz que o que a Stylitics está fazendo é essencialmente “olhando para o desejo – e isso é brilhante. O negócio inteiro é baseado na entrega de duas necessidades do mercado. No lado do consumidor, um crescente desejo de pessoas a explorar algo único sobre sua identidade para o mundo e no lado da indústria, pesquisa de mercado em tempo real.”
Mesmo se os usuários não são honestos sobre o que realmente está em seus guarda-roupas, há muito a ser recolhido do que queremos, ela explica. “A indústria da moda e da beleza cria desejos e então os satisfaz. É por isso que este site tem potencial – ele trabalha de baixo para cima, começando com o que o consumidor compra ou quer.”
Consumidores que cadastram o que vestem não apenas recebem descontos e recompensas, explica Deuskar, mas informações que podem ajudá-los a tomar decisões de compras melhor informados. “Com o tempo, um usuário pode ver qual tipo de roupas que mais usa,” ele explica. Se você está debatendo sobre comprar ou não um vestido de 300 dólares de um determinado designer, você pode olhar no seu “relatório de estilo pessoal” e ver que já usou um vestido similar oito vezes desde que comprou, o que pode validar esse novo investimento ou não.
Um ponto fraco talvez seja encontrar pessoas interessadas em moda que invistam tempo para cadastrar tudo aquilo que vestem. Candice Sabatini, diretora editorial do BeautyNewsNYC.com, diz que é difícil imaginar estudantes de faculdade investindo tempo “apenas na esperança de pegar um osso surpresa ou para talvez ganhar uma viagem para Nova York”. Ela também supõe que as pessoas vão comprar coisas que já compraram antes, “que não sejam jeans e camisetas, isso não é verdade”. Sabatini diz. “Uma garota pode montar um look e perguntar às amigas para comentar, mas não vejo como isso pode ajudar um fabricante a criar duas estações a frente.”
Mas Deuskar aponta a importância da informação não apenas para previsão de tendências, mas para marketing em tempo real. “Digamos que eu sou um gerente de marketing de uma marca e nós estamos decidindo se o e-mail de hoje deverá oferecer saias lápis”, ele comenta. “Agora eu posso ver todas as vezes que as mulheres usaram saias lápis para trabalhar nas duas semanas, quais cores, que estilo de blusas ou camisas usaram junto, a média de preço e a região demográfica de quem usou para ajudar a tomar minha decisão.”
Deuskar e Davis ganharam o prêmio na competição Wharton Business Plan em abril (Deuskar foi aluno da Wharton). Stylitics tem agora nove funcionários, um pequeno quadro de conselheiros, e vários parceiros na indústria da moda que participaram durante a fase beta, explica Deuskar, como a empresa de pesquisa de mercado Gilt Groupe e Lucky Brand Jeans. Até o momento, os fundadores já arrecadaram 750 mil dólares de investidores e capitalistas de risco em estágio inicial. Embora a receita seja impulsionada ultimamente pelas ofertas de estatísticas, o site também permitirá publicidade segmentada e vendas filiadas.
Tamara Gruzbarg, diretora sênior de pesquisa e estatística na Gilt Groupe, diz que a companhia está transformando a pesquisa de mercado em uma plataforma interativa”. Usuários são essencialmente um amplo painel de pesquisa de mercado, provendo informações sobre suas comprar e hábitos relacionados a moda. “Há, definitivamente, uma necessidade por esta informação. E pode ser muito mais detalhada e pessoal do que a obtida através de duas horas em um focus group,” explica Gruzbarg.
O Gilt Groupe está observando como a Stylitics evoluirá. Será a necessária massa crítica de cadastros de consumidores em suas informações de moda para tornar a informação válida? E irão as empresas de pesquisa de mercado e outras companhias fazer uso dessas informações? Se eles fizerem, Gruzbarg acredita que pode levar a pesquisa de mercado para todo um novo nível.
“A ideia de que as pessoas investirão tempo para oferecer informações muito mais ricas e detalhadas do é possível em uma pesquisa de mercado tradicional é a razão porque estamos interessados”, ela explica. “Esse tipo de informação pode ser muito valiosa para nós”.