Independente da função que realize em uma empresa, da posição que ocupe, das atividades que desempenhe, de quais sejam suas responsabilidades, todo profissional precisa se desligar temporariamente de suas incumbências não por uma questão de capricho ou por determinação trabalhista, mas por razões que podem influenciar sua saúde e, por consequência, na performance deste trabalhador. Portanto, o período de férias é mais do que o período de incomodo porque um departamento ficará com um funcionário a menos, ou sem alguém para cobrir determinada função, mas a garantia de manutenção de produtividade.

Mesmo para pessoas que executam funções que tornem aparente impossível um afastamento do ambiente organizacional, como, por exemplo, no caso dos executivos, é preciso parar um pouco, programar e aproveitar bem os dias de descanso, mesmo que por períodos menores que os 30 dias garantidos por nossa lei trabalhista. Se não, ao retornar para seu posto de trabalho, o trabalhador em poucos dias estará voltando ao mesmo estágio de esgotamento anterior.

É fato conhecido que pessoas cansadas produzem muito menos do que normalmente poderiam, assim como são menos criativas e tendem a ser impacientes, colocando em risco as relações no ambiente de trabalho e a própria saudê. Por isso, Soely Kardosh, psicóloga com 35 anos em psicologia clínica e atuação em diagnóstico e conflitos corporativos, deixa muito claro: férias não é simplesmente se afastar do ambiente de trabalho, mas se desligar dele por alguns dias, adotando uma rotina diferente. “Sem isso”, afirma ela, “o esgotamento físico e, acima de tudo, o mental é inevitável”.

Kardosh explica que “o organismo precisa de tempo a fim de se renovar e se readaptar às situações que demandam esforço, seja no campo físico ou psicológico”. O corpo humano precisa de equilíbrio e quando não o tem acaba sofrendo com distúrbios endocrinológicos, cardiovasculares, mentais e emocionais. Os cados de síndrome do pânico e depressão aumentam porque “o organismo psicológico se recusa a viver situações rotineiras para compensar o excesso a que foi submetido”.

Portanto, se o período de férias é adiado por um longo período, o trabalhador, independente do amor que sinta pela profissão e o quanto goste de se dedicar a ela, se desgasta apenas pela sobrecarga a longo prazo e como consequência tem sua produtividade diminuída. Enquanto isso sentimentos de frustração, insatisfação, intolerância e irritabilidade aumentam, causando dificuldades de relacionamento. É preciso não chegar a este ponto, pois não é apenas prejudicial para o funcionário, a empresa também perde quando ele tem que se ausentar por um período muito maior em função de tratamentos médicos.

A psicóloga recomenda que o período ideal para descanso deve variar entre 15 dias e um mês, considerando as paradas de apenas uma semana como algo emergencial que não surte resultados se não realizadas bimestralmente ou trimestralmente. Porém estes curtos afastamentos não substituem as férias prolongadas que um profissional precisa para espairecer e recarregar as energias.

Além disso, é importante tomar consciência que o afastamento para descanso, quando acontecer, deve ser total, evitando ao máximo contatos com o ambiente de trabalho através de telefonemas, troca de e-mails, entre outros. “É imprescindível o desligamento total das atividades profissionais, para que o corpo e a mente se recuperem dos desgastes e os profissionais voltem ao trabalho com mais satisfação e produtividade”, explica Kardosh.

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Fonte: Texto baseado na entrevista de Soely Kardosh ao RH.com.br, Férias: uma necessidade real para todo profissional, realizada por Patrícia Bispo.