A longa batalha de Steve Jobs contra o câncer encontrou seu fim no dia 5 de outubro. O fundador da Apple, presidente e chefe executivo (CEO) começou sua empresa em uma garagem, revolucionou a indústria tecnológica repetidas vezes, foi demitido de seu próprio negócio e voltou anos depois para transformá-lo na empresa mais valiosa de capital aberto do mundo, e tudo isso em apenas um quarto de século.

Quase todo computador pessoal vendido hoje — mesmo os não fabricados pela Apple — foi, em algum nível, influenciado pelo que Jobs conquistou. O negócio que ele começou fez do computador menos hostil e repulsivo, mais interessante e divertido. Eles olharam para máquinas complexas feitas para trabalhar números o dia todo e perguntaram: para que outras coisas as pessoas podem querer usar isso? O que pode ser feito para torná-lo mais fácil de usar E quem disse que tem que ser tão incrivelmente desinteressante e feio?

Nos anos 80 a visão de Jobs para o primeiro computador Mac e sua interface deu à indústria um dos maiores impulsos que poderia dar. Mas conflitos de personalidade e brigas por poder dentro da Apple levaram à demissão de Jobs apenas um ano depois.

Assim, em seu próximo passo, Jobs seguiu para a indústria do cinema, presidindo a Pixar, empresa responsável pelos mais consistentes e aclamados filmes de animação de todos os tempos.

Ele também deu início em outra empresa de computação, a NeXT. Não se ouve mais falar tanto sobre a NeXT, pois ela foi comprada pela Apple e algumas de suas tecnologias se tornaram a base do OS X, linha atual de sistemas operacionais da Apple. Na época, a Apple foi abatida por uma sombra de si mesma e a compra da NeXT abriu as portas para um dos retornos mais bem sucedidos do mundo dos negócios — tanto para Jobs pessoalmente como para a empresa.

Jobs recebeu a chance de retornar em 1997 e como CEO fez mudanças drásticas que reviveu a empresa e o colocou em posição apropriada para praticamente ditar a direção da indústria inteira. Houveram alguns tropeços no meio do caminho, mas que se encontram em desvantagem numérica pela quantidade de sucessos que Jobs lançou na última década de sua vida: iMac, OS X, iPod, iTunes, Macbook, iPhone, iPad. Seu alcance de estendeu para muito além de serem apenas computadores — a indústria da música, TV, filmes, livros, e a maneiras que as pessoas se comunicam.

Esses produtos não eram necessariamente o primeiro de seu tipo, mas ele fizeram o que fizeram de uma forma que disse às pessoas: “é fácil, é seguro e funciona.” Nem todos se apaixonaram pelos produtos da Apple, mas os conceitos que incorporaram era poderosos o suficiente para que quando a Apple aparecesse, diria o resto da indústria: “este é o caminho que estamos seguindo”, muitas vezes ao acompanhar.

Infelizmente, assim como a empresa de Jobs estava conseguindo sucesso em sua retomada, sua própria saúde começou a declinar. O tipo de câncer que afetou Jobs geralmente leva a more muito rapidamente, mas avançados tratamentos médicos permitiram que ele continuasse a manter a Apple em funcionamento por mais alguns anos. Foi apenas em agosto que ele oficialmente deixou o cargo de CEO para Tim Cook, seu braço direito de muito tempo.

Quando o anúncio de sua morte se tornou público, muitas pessoas descobriram através de um aparelho que Jobs tinha participado da criação. Palavras de condolências foram ditas por fãs da Apple de todo o mundo, sem mencionar líderes da indústria, amigos pessoais e mesmo alguns de seus maiores rivais. Jobs encerrou uma vida maravilhosa em seus 56 anos, e conseguiu definitivamente dar sua contribuição ao nosso cantinho do universo.

E como ficará a Apple sem Jobs?

Após a morte de seu fundador e mente brilhante a frente dos projetos de maior sucesso da empresa, a Apple perdeu valor de mercado e suas ações despencaram na bolsa de valores.

O público se encontrava na espera pelo iPhone 5, mas com o afastamento de Jobs, o assunto perdeu espaço na mídia. Buscando satisfazer seus consumidores, foi lançado, em vez disso, o iPhone 4S, um modelo 4 melhorado. O produto conta com processador A5 dual core, duas vezes mais rápido que o anterior e processamento gráfico sete vezes mais veloz, além do sistema operacional iOS 5. A câmera também melhorou, agora com capacidade de 8MP e podendo gravar vídeos de alta definição (HD – 1080p). Mas a principal novidade é o programa Siri, uma espécie de assistente pessoal por comando de voz, permitindo que a pessoa dite mensagens de texto ao telefone, entre outras tarefas.

Coincidentemente o anúncio do iPhone 4S aconteceu um dia antes da morte de Steve Jobs, mas bem antes, quando sua doença foi anunciada, começou a se falar a respeito da procura de um sucessor para Jobs no comando da Apple. Tim Cook já assumira o comando várias vezes em virtude das licenças médicas de Jobs, o que deu à Cook bagagem suficiente para liderar a empresa sem Jobs. Embora ele afirme que o espírito de seu fundador jamais deixará a empresa. Uma das maiores qualidade de Jobs foi sua capacidade de agrupar talentos e disseminar seu modo de agir. A Apple pensa e respira como ele e essa maneira não deve sumir da cultura corporativa tão cedo. Tim Cook se encarregou de seguir religiosamente o manual de Steve Jobs.

A opinião do consumidor parece ser favorável à Apple enquanto organização de sucesso sem Jobs. Uma pesquisa da consultoria ChangeWave apontou que apenas 4% dos entrevistados estariam menos propensos a adquirir produtos da Apple e cerca de 90% afirmaram que o fato não faz diferença em sua intenção de compra.

Outras empresas já tiveram que recuperar o fôlego após a saída de suas principais figuras. Um exemplo é a Microsoft, que luta para se manter no mesmo patamar de respeitabilidade após a saída de Bill Gates. Mas a Apple conta com uma muito bem disseminada cultura corporativa que exala tudo aquilo em que Jobs acreditava e isso será uma grande vantagem para o caminhar da organização nos próximos anos.

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Fontes:
The Fruits of Steve Jobs’ Tireless Quest for Perfection escrito por Paul Hartsock
Apple após Steve Jobs
Como fica a Apple sem Steve Jobs?
escrito por Daniel dos Santos
O futuro da Apple sem Steve Jobs
escrito por Sérgio Miranda
Apple deve continuar saudável sem Steve Jobs
escrito por Carolina Guerra e James Della Valle