Buscas, Wikis, RSS, Blogs, Comunidades Online, 3DWeb… a Internet renasce para alguns, entusiasma outros, surpreende outros tantos e encanta a todos. Para nós, que estamos enfiados nela desde sua primeira onda, ela simplesmente continua. Afinal, nada disso vai ser definitivo mesmo… nada disso vai ser o máximo que a rede vai nos propor… e pior, nenhum player que hoje domina o mercado com essas propostas e tecnologias será o líder da nova onda de evoluções da rede. Quem disso isso não fomos nós. Foi Clayton Christensen. E podem acreditar.
Esqueçam esse papo de revolução! Isso não é política, é negócio e, em negócio, na Internet, em 99% dos casos, o nome do jogo é evolução, daquelas parecidas com Darwin mesmo. É tentativa e erro, é correção de rota, é inovação inesperada, é fracasso retumbante, é experiência contínua. E quem nos garante isso é a natureza humana, ao mesmo tempo, a base evolutiva e o juiz sanguinário do que pega e do que não pega na Internet.
Leiam nossa tese e digam se temos ou não razão:
Vivemos na Economia das Redes, na era do interligado, do interconectado, das trocas incessantes. Trocamos a todo momento informações, recursos, impressões, sensações, experiências, ideias, opiniões… Influenciamos e somos influenciados diuturnamente por nossos semelhantes. O Fator Relacionamento assume cada vez mais peso na Economia e no equilíbrio das forças mercadológicas, uma vez que temos muito mais informação, acesso e, portanto, capacidade de formar opinião e ler realidades.
A cada momento brotam comunidades, micro-sociedades, grupos e tribos auto-organizadas por interesses, gostos, hábitos, regiões, comportamento, pontos de vista. É o Homem procurando seu similar, seu igual em qualquer canto do mundo. Religiões, valores, crenças, culturas, doutrinas e preferências são aglutinadores mais que poderosos. O mundo se redefine a todo instante sócio-geo-politicamente, se reorganizando em novos grupos, transnacionais, transregionais, meta-étnicos. Isso é da natureza humana, é 2.0. Sempre foi e sempre será.
Aonde vamos parar é uma resposta inexata – aliás não há resposta para essa pergunta. O Homem é o único animal capaz de planejar e alterar seu destino. O todo social é fruto da construção do um, somado ao um e ao um e ao um… elevado à enésima potência, com diversos vetores, a todo instante. Justamente por isso as redes (não só locais, mas virtuais), frutos dessas interações infinitas, são o novo emaranhado social, o novo tecido que dará o tom da nossa sociedade, rediscutindo valores, relendo a História, reinterpretando fatos, reavaliando propostas, recriando mercados.
A Internet e as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) são o fermento de todo esse processo de natureza eminentemente humana. É do Homem querer trocar, comerciar, aprender, imitar, influenciar. E é exponencial esse processo bio-sociológico do Homem na Era Digital das micro-redes que formam a Grande Rede.
Esse novo Mercado está em equilíbrio dinâmico; ou seja, a cada nova interação se cria um novo patamar de equilíbrio mercadológico, diferente do anterior. A cada novo patamar, variáveis novas aparecem, novos comportamentos aparecem, velhos paradigmas ficam para trás. Esse novo Mercado não é estático, não é perene, não tem dono; somente atores. O equilíbrio das forças é derivado direto do poder de cada ator e do poder dos grupos (permanentes ou temporários) formados por esses atores – que representam interesses diversos, modus vivendi e modus operandi diversos. Por isso é tão dinâmico e tão mais potencialmente democrático.
Todos sabemos que as redes de informação – que antes estavam confinadas à proximidade física – agora ficaram globais e intermitentes por conta da Internet.
A Grande Rede é, no fundo, uma mega arquitetura mutante, pseudo-desorganizada ,de computadores, hand-helds, celulares, smart-phones, TVs e demais devices com acesso à Rede. O mundo do IP determinará o novo padrão das trocas entre os humanos, seja das trocas de informação e recursos, seja transações mesmo. Aumentam-se assim as possibilidades por se aumentar a instantaneidade e a riqueza informacional. Pesquisar, checar, informar, ofertar, requisitar e comparar são tarefas mais fáceis, mais possíveis a cada um.
A Informação é o recurso básico dessa nova Economia que transforma tudo em informação – de produtos e conhecimento à capital financeiro, que migra a todo segundo de transferência eletrônica a transferência eletrônica em formato de informação. Tudo que pode ser transformado em bit pode ser considerado informação.
Esse fluxo infinito de informações tem valor – valores diferentes para agentes econômicos diferentes em momentos e ocasiões diferentes. A informação de valor a um agente é aquela capaz de ser processada, de ser entendida, tratada, trocada e armazenada. Esse processo é feito pelas diversas mídias disponíveis (PCs, TVs, Celulares, Smart-Phones, etc), desde que estes estejam conectados à Rede. A natureza e variedade desses devices somente aumentarão com o tempo. Tudo que puder estar online estará. Relógios, roupas, óculos, eletro-domésticos, eletro-eletrônicos… tudo poderá trocar informação, via rede, com os outros devices servindo a outros atores.
Nossa leitura é que nós humanos – aparentemente fornecedores e usuários dessas informações – agentes de interação pontual com a Rede seremos, cada vez mais, como parte integrante online desta Rede.
A revolução digital, principalmente a mobile/wireless, está se permeando entre nós, guiada por uma explosão de novas diretrizes e tecnologias que foram, uma vez, o mundo da ficção científica e de seus heróis. Os telefones celulares, os palm-tops, handhelds, laptops e as redes sem fios fazem a Internet virtualmente acessível em qualquer lugar, a qualquer momento. Hoje isso já é possível, mas amanhã teremos a Web realmente transparente, praticamente uma utility, perceptível somente quando em falta, como já ocorre com a energia elétrica e o gás.
Neste momento, quando tudo estiver online, cada ser humano será um nó ativo no fluxo online e instantâneo de informações. Por este nó de rede passarão os impulsos informacionais. É mais ou menos como se cada Ser Humano fosse um elo na arquitetura da mega rede de informações, assim como os computadores já o são. Ou seja, como se cada Humano fosse, em si, também mídia para essas informações, uma vez que a produz, transforma, trata, armazena, dissemina e troca.
Esse novo Ser Humano digital – o Homus Informatione – terá acesso instantaneamente à informação, captando-a, traduzindo-a, disseminando-a, mas principalmente, criando novas informações, gerando conhecimento, deixando suas pegadas, tornando-se, ele próprio, em informação.
Analogamente, é como se cada ser humano, nesta rede de informações fosse similar a um poste de energia elétrica na rede de distribuição e gerenciamento de energia. E será o usuário 2.0 o artífice desta evolução, porque também será o consumidor 2.0, o acionista 2.0, o funcionário 2.0, o ex-funcionário 2.0, o ongueiro 2.0, etc.
Sem dúvida alguma estamos migrando para essa realidade. E quando isso ocorrer, toda uma nova Economia, novos mercados com novos valores e práticas brotarão. Muitos dos que hoje dominam morrerão e terão cumprido seu papel de ponte tecnológica. Alguns sobreviverão, inúmeros nascerão. Vale lembrar, porém, que, atualmente, a digitalização é uma grandeza ofertada somente a poucas pessoas no mundo – algo exclusivo das classes e países mais ricos. A inclusão digital é um imperativo para que essa nova Economia – mais transparente, pulsante e democrática – cresça, eliminando os vícios de concentração e exclusão daquela oriunda da lógica agro-industrial. Estamos em momento real de transição e é nesses momentos que se definem os futuros possíveis da evolução humana. Que futuro queremos? Que Economia queremos? Que lógica política queremos? Por isso tenho dito – Tecnologias Sociais – em conjunto com educação e estímulo à auto-educação – são o investimento de base mais importante para o sucesso desse novo milênio.