Por Santiago Brie
Licenciado em Gestão Ambiental Urbana pela Universidade de Lanús – Mestrado em Desenho, Gestão e Direção de Projetos pela Universidade de León. Membro do Departamento de Professores da FUNIBER. Tutor da Área de Projetos especializados em Arquitetura e Urbanismo. Professor e pesquisador da Universidade Nacional de Lanús, Argentina.
A relação existente entre produto e ambiente, o papel das tecnologias inovadoras e a responsabilidade dos consumidores.
Nas últimas décadas ocorreu um fenômeno particular, aumentou o consumo de produtos de forma exponencial em grande parte do mundo. Este aumento do consumo implica, evidentemente, um aumento da produção e, consequentemente, um aumento do impacto causado no ambiente.
O fenômeno consumista não foi compensado com um aumento do conhecimento ou do nível de consciência sobre o impacto que estes produtos causam ao ser fabricados, utilizados e transformados em resíduos. Atualmente, os principais danos ao ambiente estão, sem dúvida, relacionados ao aumento na capacidade de consumo e à sobre-exploração de recursos necessários para produzir estes produtos. Um maior consumo de produtos implica: maior atividade extrativa de recursos, maiores processos de produção, maior consumo de recursos (energia principalmente) para o funcionamento desses produtos e maior geração de resíduos.
No entanto, nem todos os produtos nem todos os meios de produção têm o mesmo impacto. Os efeitos dependem de uma série de variáveis entre as quais podemos destacar:
– a seleção dos materiais (e formas de obtenção);
– os processos de produção (tecnologias a utilizar);
– o desenho dos produtos; e
– a eficiência (aproveitamento dos recursos em sua fabricação e utilização).
Encontramo-nos, portanto, diante de um grande desafio: conseguir construir um novo paradigma de crescimento, que deverá estar fundado na criação de riqueza e competitividade baseadas em produtos mais ecológicos. Para isso, devemos fazer com que os produtos do futuro consumam menos recursos, tenham menos efeitos e riscos para o meio ambiente e evitem ou minimizem a geração de resíduos desde a sua concepção.
Neste novo cenário, é interessante observar o protagonismo desempenhado pelas novas tecnológicas, onde as empresas devem oferecer soluções inéditas e inovadoras para os novos problemas. No entanto, também será indispensável conseguir uma mudança cultural radical, pois é necessário que a sociedade amadureça, que exija e reclame por produtos ecológicos, mas que depois opte por estes. Desta forma, o consumidor pode gerar grandes repercussões. Quando um indivíduo decide adquirir um produto com embalagem retornável, está optando por uma alternativa menos contaminante; também quando escolhe produtos com poucos ou mínimos envoltórios; ou mesmo quando decide comprar um produto com pacote grande em vez de muitos pequenos.
São muitas as práticas que os indivíduos podem adotar em seus hábitos de vida para contribuir para a diminuição do impacto ambiental. No entanto, está claro que para que estas escolhas predominem, é necessário alcançar certo nível de consciência na população, sendo fundamental a promoção da educação ambiental.
Os produtos serão mais ecológicos quando houver uma demanda real destes. A peça que conecta ambas as questões é “a informação”. Uma sociedade mais formada e informada será uma sociedade mais responsável. Sem dúvidas, da preocupação dos consumidores depreenderão as novas exigências para os responsáveis pelo desenho e fabricação dos produtos do futuro.