Na Espanha, o Congresso votou por unanimidade uma proposta de retornar o ensino da Filosofia e da História da Filosofia no ensino médio. No seu país, a Filosofia está integrada no programa curricular? Como docente, qual enfoque deveria ser dado à disciplina aos alunos de ensino médio? Comente!
Em 2015, a série de televisão espanhola “Merlí” começou a ser transmitida no canal da TV3 da Catalunha. Dois anos depois, a série foi exibida pela companhia Netflix nos Estados Unidos e na América Latina.
A série se destacou por abordar o ensino da Filosofia na escola, através de um professor que instigava os alunos a questionarem os conflitos vividos, promovendo uma maneira inteligente de ligar a filosofia às questões cotidianas.
O sucesso da série, que foi líder de audiência no canal catalã reunindo uma média de 513 mil espectadores pela televisão, com 10,2 milhões de reproduções no canal online, está relacionado à qualidade da produção, e especialmente à originalidade do tema.
Nas escolas, cada vez mais a Filosofia foi se afastando do ensino. Como comentou o professor de Ética e Filosofia na Universidade de São Paulo (Brasil), Renato Janine Ribeiro, a série deve ser vista como um ponto de partida para avaliar o ensino médio e como a educação pode estar afastada dos problemas reais vividos pelos alunos.
O fato é que no final de outubro, o Congresso espanhol resolveu integrar a Filosofia e a História da Filosofia nos programas educativos, através de uma proposição aprovada por unanimidade pela Comissão de Educação do Congresso.
Porém, para que esta proposição seja real, será necessário reorganizar o currículo escolar para estabelecer estas duas disciplinas como obrigatórias. O governo espanhol já declarou, através da ministra de Educação e Formação Profissional, Isabel Celaá, que a Filosofia será incorporada.
Filosofia Subjetiva e Filosofia Objetiva
Mas segundo o filósofo e pedagogo espanhol José Antonio Marina, como docentes, é importante definir o que se deveria ensinar na Filosofia, já que “há dois tipos de Filosofia: subjetiva e objetiva”.
Na Filosofia subjetiva é possível conhecer como pensadores analisaram o mundo de maneira conceitual. Por exemplo, conhecer Séneca e sua maneira de enfrentar a dor, o envelhecimento e a morte ou conhecer a concepção de Kierkegaard sobre a angústia.
Já a Filosofia objetiva, de acordo com Antonio Marina, a ciência é estrita e rigorosa, elaborada de maneira sistemática para conhecer como funciona a inteligência humana, a ação e as criações individuais e sociais, e quais os critérios para avaliar que podem ser usados para desenvolver o pensamento crítico.
“Acredito que a filosofia subjetiva é tão apaixonante como a experiência poética, artística ou religiosa, porque mostra a luta individual por resolver grandes problemas ou grandes expectativas, mas que nas aulas deve ser introduzida a objetiva, porque é a que permite educar o pensamento crítico necessário para saber tomar decisões adequadas”, afirma José Antonio Marina.
Ele propõe uma disciplina mais multicultural, antropológica, que poderia ser um “novo humanismo”, como define. Nesta aula, seria possível “comparar e avaliar distintas propostas culturais e ter uma visão mais ampla, menos provinciana e dogmática, dos problemas e das soluções”, afirma.
No seu país, a Filosofia é disciplina obrigatória no ensino médio? Qual a importância para o ensino e qual a melhor maneira de incorporar ao programa curricular? Comente!
Fontes:
“Merlí” s’acomiada amb 620.000 espectadors, el millor resultat de la seva història
Filosofía en la escuela, ¿y ahora qué?
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