Mapeando as florestas nos biomas áridos

Estudo com centenas de pesquisadores encontra número maior de árvores em zonas áridas do que se imaginava, a partir de imagens de satélite de alta resolução

Aquela ideia de uma região seca sem árvore, tão comum no imaginário social, se distancia muito da realidade ambiental. Na verdade, há tantas árvores nos territórios áridos como na selva amazônica. Os valores foram estimados por um grupo de cientistas que analisaram as imagens aéreas de alta resolução, com o Google e o Bing.

Com as imagens consultadas, encontraram 9% a mais de árvores que se estimulava em todo o mundo. O novo número se deve a uma mudança na metodologia de pesquisa.

Normalmente, os analistas estudam uma floresta equatorial através de manchas verdes vistas em imagens de satélite como Landset ou Sentinel. Calcula-se as dimensões do território e consegue-se um número probabilístico, segundo os hectares de mancha verde.

Mas no caso dos biomas áridos, é mais difícil contar as árvores. Um grupo formado por mais de 200 pesquisadores, entre profissionais e estudantes, de 15 organizações, impulsionado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), utilizou de imagens de alta resolução, usando satélites da empresa DigitalGlobe.

Para a pesquisa, o grupo usou ferramentas dos buscadores Google e Bing. A qualidade dos sensores permitiu ver a distinção das árvores individualmente. A equipe de pesquisadores conseguiu descobrir que em 10% das zonas florestais há 1.327 milhões de biomas áridos. Com a descoberta, a superfície arbórea presente em terras secas se eleva em 50%, e em 9% em relação ao total dos bosques em todo o mundo.

De acordo com a coautora do estudo, Elena María Abraham, diretora do Instituto Argentino de Pesquisas de Zonas Áridas, “o importante é que ao identificar uma superfície maior de bosque seco, estamos redesenhando o mapa de terras áridas. Diante de um cenário de mudança climática e desertificação, em que as terras áridas vão aumentar, é determinante conhecer o recurso mais importante que temos, como são os bosques secos”, afirmou.

O estudo de novas metodologias de pesquisa, amparadas pelo desenvolvimento tecnológico, colabora para que o profissional da área de Meio Ambiente possa ampliar sua formação e atuação na área. Recomendamos o Mestrado em Engenharia e Tecnologia Ambiental, patrocinado pela FUNIBER.

Fonte: Las tierras secas ocultan un bosque tan grande como la selva amazónica (El País)

Estudo: The extent of forest in dryland biomes (Science)

Foto: Alguns direitos reservados, via Pixabay